Entre a loucura
e a perseguição
e a perseguição
Os povos da Europa estão a mostrar uma recusa cada vez maior a este
mastodonte burocrático, totalitário e asfixiante chamado União Europeia (UE). O
voto popular a favor do «Brexit» foi apenas uma amostra do crescente fosso que
separa a UE das reais aspirações dos cidadãos dos seus países-membros.
Um dos organismos da UE mais contestados é o
Parlamento Europeu, incumbido de legislar sobre normas comuns dos países da
União Europeia. A principal causa de tal recusa são as imposições ideológicas
deste organismo contra a família e contra a própria natureza humana.
Da alucinação à realidade
Não creia o leitor que exageramos: a Comissão
de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu acaba de aprovar um rascunho do
relatório que propõe conceder personalidade jurídica aos robôs autónomos «mais sofisticados», atribuindo-lhes «o status de pessoas electrónicas (sic!) com
direitos e obrigações específicos, inclusive de reparar qualquer dano que
possam causar».
Segundo a autora do relatório, a deputada
luxemburguesa Mady Delvaux, a humanidade está a entrar no umbral de uma «nova revolução industrial», na
qual os robôs também poderiam ficar sujeitos a certas «obrigações», inspiradas
aparentemente nas chamadas «Três
Leis da Robótica», enunciadas pelo publicitado autor de ciência-ficção
Isaac Asimov no seu conto Runaround (Círculo
vicioso), de 1941.
Ora, esta ficção visionária parece estar a
caminho de se tornar uma absurda realidade legal.
Mas, o que sucederia se um robô «saísse do
manual» e gerasse situações de perigo? A relatora já tem a resposta: inserir
previamente em todos os robôs um «interruptor
mortal» através do qual
possam ser desactivados caso funcionem «fora
das leis estabelecidas».
Dependendo do seu nível de sofisticação,
estabelecer-se-iam diversos «níveis de imputabilidade» para os
robôs infractores: a «responsabilidade pessoal» (sic) de cada
um aumentaria proporcionalmente à sua maior autonomia.
Ou seja, teríamos uma espécie de «código
penal» alternado para robôs, com diferentes sanções que vão da «pena de morte»
a castigos menores.
Felizmente, para alívio da nossa atormentada
espécie humana, no meio de tanta loucura Delvaux faz uma ressalva: «Um
robô não é um ser humano e nunca será humano. […] Pode mostrar empatia, mas não
pode sentir empatia» (pelo menos não se deu conta…). Prescreve,
ademais, que nenhum robô deverá parecer «emocionalmente dependente»,
nem manifestamente humano, nem aparentar «que ama ou que está triste»[1].
Para a deputada Delvaux, a interacção diária
de homens com o que ela chama de «entes inteligentes não humanos» ou
Inteligência Artificial, suscita problemas derivados da complexidade destes
últimos, inclusive a «clara possibilidade» de que, apesar de serem
produtos da nossa própria criação, nos superem «tanto
mentalmente (sic) quanto fisicamente»; por outras palavras, que o
feitiço robótico se volte contra o feiticeiro humano…[2].
Perseguição à vista?
Este não é o único disparate que se cozinha
no Parlamento Europeu. A eurodeputada ecologista Heidi Hautala encomendou no
ano passado à lobista pró-aborto polonesa Elena Zacharenkel um relatório contra
as instituições e personalidades que se opõem aos supostos «direitos
sexuais e reprodutivos» e à «igualdade de género»,
bandeiras da actual revolução cultural. O texto foi apresentado no dia 12 do
corrente mês de Janeiro.
Manifestação da Federação Pró-Europa Cristã diante do Parlamento do Luxemburgo, no dia em que se votou a legalização do aborto neste país. |
Segundo o portal espanhol Actual, «na
lista negra desta peculiar caça às bruxas está em primeiro lugar o Vaticano
(?), e depois 500 movimentos pró-vida e pró-família de 30 países da Europa» —
entre os quais as agrupações Mum, Dad and Kids, One of us, CitizenGo,
etc. –, ou personalidades como Sophia Kuby, Gregor Puppinck, os espanhóis Jaime
Mayor Oreja e Ignacio Arsuaga, entre outros.
E, evidentemente, neste libelo acusatório não
poderia faltar a TFP: a relação destaca a Federação Pró-Europa Cristã (FPEC)
[foto acima], com sede em Bruxelas, que aglutina TFPs e associações
afins de 17 países europeus para acções conjuntas em defesa dos valores
familiares. Menciona também que a FPEC é dirigida pelo Duque Paul von Oldenburg
[Foto abaixo] e surgiu do «movimento ultraconservador […]
Tradição, Família, Propriedade». E acusa os membros das TFPs de
promoverem «uma cruzada no século XXI para levar a cabo uma revolução
cristã»[3], quando deveria dizer uma Contra-Revolução.
Estas menções à FPEC e às TFPs, vindo de onde
vieram — dos antros da Ideologia de Género — são sumamente
honrosas para nós e para as demais entidades da lista, pois o seu
reconhecimento da eficácia da nossa luta em defesa da civilização cristã
equivale a uma condecoração implícita.
Duque Paul von Oldenburg, director da Federação pró-Europa Cristã e da TFP alemã, é um dos «inimigos» da revolução cultural denunciados numa acusação do Parlamento Europeu. |
O libelo reconhece, por exemplo, que em certas ocasiões as entidades visadas pelo seu alarme «são capazes de activar dezenas de milhares de aderentes» em mobilizações que «conseguiram influenciar o desenvolvimento de políticas da UE».
Por isso, convoca a «opor-se à proliferação dos
movimentos anti-choice», assinalando que para isso «é crucial que os progressistas [leia-se: as esquerdas alinhadas com a
revolução sexual] apresentem soluções concretas para estes
desafios […] a fim de rebaterem eficazmente a visão promovida pelas forças
conservadoras».[4]
Quais seriam estas soluções concretas?
Anteriormente, a este tipo de denúncias seguia-se um estrondo publicitário e
uma encarniçada perseguição contra os denunciados. Mas, hoje, o Parlamento
Europeu, a própria UE e as esquerdas em geral estão de tal modo desacreditadas
perante o público, que provavelmente o libelo ficará apenas como mais um
estalido de ódio contra a Igreja católica e a civilização cristã, sonoro, mas
impotente.
E, enquanto isto, dentro e
fora da Europa, um número cada vez maior de pessoas perguntam: «Para que serve
o Parlamento Europeu?».
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