segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Parlamento europeu: «direitos» para robôs, mordaça para defensores da família



Alejandro Ezcurra, IPCO, 28 de Janeiro de 2017

Entre a loucura
e a perseguição

Os povos da Europa estão a mostrar uma recusa cada vez maior a este mastodonte burocrático, totalitário e asfixiante chamado União Europeia (UE). O voto popular a favor do «Brexit» foi apenas uma amostra do crescente fosso que separa a UE das reais aspirações dos cidadãos dos seus países-membros.

Um dos organismos da UE mais contestados é o Parlamento Europeu, incumbido de legislar sobre normas comuns dos países da União Europeia. A principal causa de tal recusa são as imposições ideológicas deste organismo contra a família e contra a própria natureza humana.

Da alucinação à realidade

Não creia o leitor que exageramos: a Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu acaba de aprovar um rascunho do relatório que propõe conceder personalidade jurídica aos robôs autónomos «mais sofisticados», atribuindo-lhes «o status de pessoas electrónicas (sic!) com direitos e obrigações específicos, inclusive de reparar qualquer dano que possam causar».

Segundo a autora do relatório, a deputada luxemburguesa Mady Delvaux, a humanidade está a entrar no umbral de uma «nova revolução industrial», na qual os robôs também poderiam ficar sujeitos a certas «obrigações», inspiradas aparentemente nas chamadas «Três Leis da Robótica», enunciadas pelo publicitado autor de ciência-ficção Isaac Asimov no seu conto Runaround (Círculo vicioso), de 1941.

Ora, esta ficção visionária parece estar a caminho de se tornar uma absurda realidade legal.

Mas, o que sucederia se um robô «saísse do manual» e gerasse situações de perigo? A relatora já tem a resposta: inserir previamente em todos os robôs um «interruptor mortal» através do qual possam ser desactivados caso funcionem «fora das leis estabelecidas».


Dependendo do seu nível de sofisticação, estabelecer-se-iam diversos «níveis de imputabilidade» para os robôs infractores: a «responsabilidade pessoal» (sic) de cada um aumentaria proporcionalmente à sua maior autonomia.

Ou seja, teríamos uma espécie de «código penal» alternado para robôs, com diferentes sanções que vão da «pena de morte» a castigos menores.

Felizmente, para alívio da nossa atormentada espécie humana, no meio de tanta loucura Delvaux faz uma ressalva: «Um robô não é um ser humano e nunca será humano. […] Pode mostrar empatia, mas não pode sentir empatia» (pelo menos não se deu conta…). Prescreve, ademais, que nenhum robô deverá parecer «emocionalmente dependente», nem manifestamente humano, nem aparentar «que ama ou que está triste»[1].

Para a deputada Delvaux, a interacção diária de homens com o que ela chama de «entes inteligentes não humanos» ou Inteligência Artificial, suscita problemas derivados da complexidade destes últimos, inclusive a «clara possibilidade» de que, apesar de serem produtos da nossa própria criação, nos superem «tanto mentalmente (sic) quanto fisicamente»; por outras palavras, que o feitiço robótico se volte contra o feiticeiro humano…[2].

Perseguição à vista?

Este não é o único disparate que se cozinha no Parlamento Europeu. A eurodeputada ecologista Heidi Hautala encomendou no ano passado à lobista pró-aborto polonesa Elena Zacharenkel um relatório contra as instituições e personalidades que se opõem aos supostos «direitos sexuais e reprodutivos» e à «igualdade de género», bandeiras da actual revolução cultural. O texto foi apresentado no dia 12 do corrente mês de Janeiro.

Manifestação da Federação Pró-Europa Cristã
diante do Parlamento do Luxemburgo, no dia em que se votou
a legalização do aborto neste país.
Segundo o portal espanhol Actual, «na lista negra desta peculiar caça às bruxas está em primeiro lugar o Vaticano (?), e depois 500 movimentos pró-vida e pró-família de 30 países da Europa» — entre os quais as agrupações Mum, Dad and KidsOne of usCitizenGo, etc. –, ou personalidades como Sophia Kuby, Gregor Puppinck, os espanhóis Jaime Mayor Oreja e Ignacio Arsuaga, entre outros.


E, evidentemente, neste libelo acusatório não poderia faltar a TFP: a relação destaca a Federação Pró-Europa Cristã (FPEC) [foto acima], com sede em Bruxelas, que aglutina TFPs e associações afins de 17 países europeus para acções conjuntas em defesa dos valores familiares. Menciona também que a FPEC é dirigida pelo Duque Paul von Oldenburg [Foto abaixo] e surgiu do «movimento ultraconservador […] Tradição, Família, Propriedade». E acusa os membros das TFPs de promoverem «uma cruzada no século XXI para levar a cabo uma revolução cristã»[3], quando deveria dizer uma Contra-Revolução.

Estas menções à FPEC e às TFPs, vindo de onde vieram — dos antros da Ideologia de Género — são sumamente honrosas para nós e para as demais entidades da lista, pois o seu reconhecimento da eficácia da nossa luta em defesa da civilização cristã equivale a uma condecoração implícita.

Duque Paul von Oldenburg, director da Federação pró-Europa Cristã
e da TFP alemã, é um dos «inimigos» da revolução cultural denunciados
numa acusação do Parlamento Europeu.

O libelo reconhece, por exemplo, que em certas ocasiões as entidades visadas pelo seu alarme «são capazes de activar dezenas de milhares de aderentes» em mobilizações que «conseguiram influenciar o desenvolvimento de políticas da UE».

Por isso, convoca a «opor-se à proliferação dos movimentos anti-choice», assinalando que para isso «é crucial que os progressistas [leia-se: as esquerdas alinhadas com a revolução sexual] apresentem soluções concretas para estes desafios […] a fim de rebaterem eficazmente a visão promovida pelas forças conservadoras».[4]

Quais seriam estas soluções concretas? Anteriormente, a este tipo de denúncias seguia-se um estrondo publicitário e uma encarniçada perseguição contra os denunciados. Mas, hoje, o Parlamento Europeu, a própria UE e as esquerdas em geral estão de tal modo desacreditadas perante o público, que provavelmente o libelo ficará apenas como mais um estalido de ódio contra a Igreja católica e a civilização cristã, sonoro, mas impotente.

E, enquanto isto, dentro e fora da Europa, um número cada vez maior de pessoas perguntam: «Para que serve o Parlamento Europeu?».

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Notas:






(*) Matéria traduzida do original em castelhano por Hélio Dias Viana.





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