segunda-feira, 21 de setembro de 2015
«Homossexualidade» no sínodo.
Sim ou não?
Nuno Serras Pereira, 20 de Setembro de 2015
Não saberei dizer se os meus leitores estarão recordados dos meus textos repudiando a introdução da «homossexualidade» no sínodo sobre a família.
As razões eram são várias. A primeira, é porque os «homossexuais» não existem; como aliás também não há «heterossexuais». Estes dois termos foram introduzidos nos finais do século XIX, por psicólogos, e vulgarizaram-se nos anos 30 do século XX. Os termos não se referiam a nenhuma identidade da pessoa mas sim, os dois, a comportamentos considerados patológicos. O primeiro porque procurava na luxúria um somente o prazer sem possibilidade alguma de reprodução e o segundo porque procurava o mesmo deleite, que poderia gerar uma nova vida, fazendo o que lhe era possível para não procriar. Basta lembrar que Freud considerava uma perversão sexual o exercício genital que comportasse a exclusão propositada da procriação. Estes termos não se referiam pois a qualquer identidade ou orientação mas sim a comportamentos patológicos. De facto só existem homens e mulheres, alguns dos quais, uma minoria que anda pelos 2% da população, sentem atracção por pessoas do mesmo sexo tendo com elas comportamentos lascívos.
Sabemos, já a isso me referi em outros textos, como estes termos são apropriados e manipulados por gentes com interesses monetários e ideológicos para conseguirem os seus objectivos inconfessados. Isto que aqui digo não é nenhuma «teoria da conspiração» mas está larguissimamente documentada.
A corrupção ideológico-sexual penetrou profundamente não só a política – os poderes legislativo, executivo e judicial –, mas também a comunicação social, o ensino e a Igreja católica.
Quem tiver presente os acontecimentos do sínodo de 2014 lembrar-se-á, com grande susto, do relevo que foi dado a este tema, na relação intermédia, quando houve um único bispo, dos quase trezentos que compunham a assembleia, que nele falou. Aliás, muita gente não percebe, como é que no texto final constam os números que a isso se referem uma vez que não foram aprovados pela maioria de dois terços requerida pela legislação sinodal. Para agravar a situação, continua a constar do Instrumento de Trabalho para o próximo sínodo, também sobre a família, com início a 4 de Outubro.
Para quem tenha acompanhado as declarações de vários teólogos, bispos, cardeais e conferências episcopais é claríssima a tentativa obstinada de mudar a Doutrina da Igreja sobre o assunto.
Também não é possível deixar de estranhar que tantos outros assuntos, e bem mais vastos, com que a família se defronta tenham sido até agora pura e simplesmente ignorados ou desleixados. E como compreender que o Santo Padre nomeie para o sínodo bispos e teólogos que se opõem declarada e explicitamente à Revelação e ao Magistério da Igreja?
Sabereis que Bento XVI, antes de resignar, tinha disposto que o próximo sínodo fosse sobre Antropologia e Bioética. Assuntos estes que de facto são os mais urgentes e importantes nos dias que correm, entre outras coisas porque deles depende em grandíssima parte o futuro da família, assim o alertou, entre outros, o cardeal Ângelo Scola – basta pensar nos problemas, por exemplo, que trazem consigo os vários tipos de reprodução artificial: de reduzir a pessoa a produto ou mercadoria, de identidade genética, de filiação, de paternidade e maternidade, de parentesco, etc. Sobre esta, a família, pela Graça de Deus, ao longo destes últimos 30 anos existe um riquíssimo Magistério, quer Papal quer Episcopal, para além de uma sobreabundante quantidade de estudos, testemunhos, teologias, práticas pastorais, etc., que ao que parece querem deitar ao lixo... Até parece uma vingança de jesuítas contra o Papa S. João Paulo II que teve de começar a meter na ordem um punhado deles que tinha tomado as rédeas da Companhia de Jesus. Dizer tudo doutrinalmente muito certo mas interpretá-lo de maneira que se contradiz o que o Magistério ensina ou advogar e promulgar disciplinas ou legislação que contradiz a Doutrina que verdadeira poderá ser, se alguns o acharem, muito jesuítico, mas católico não o é seguramente.
O grande problema, nos dias que correm, não é o de acolhimento nas comunidades cristãs daqueles que se intitulam ou são designados como homossexuais. Eles já estão por todo o lado: cardeais, bispos, padres, catequistas, acólitos, sacristões, professores de Teologia, superiores e membros de ordens religiosas (há realidades destas prenhes dos ditos cujos), etc. Não só são acolhidos como em grande parte dominam vastos sectores eclesiais e, muitos deles, minam, combatem e pervertem a Verdade e tantas vezes os próprios cristãos, particularmente os jovens.
Nem se invoque uma pretensa dificuldade em concertar a condenação dos actos depravados com o respeito e o amor pela pessoa, tanto mais que isso não diz respeito somente a este tipo de pecados mas a tantos outros. Acresce que existe e deve continuar a existir uma diferença entre a pregação geral contra o mal e o acolhimento na confissão, ou mesmo tão só na conversação, pessoal.
Por mais que possa pasmar os nossos contemporâneos a Misericórdia não nasceu com os jesuítas, nem com Kasper, nem com o Papa Francisco. Foi e será sempre uma constante na Igreja, embora a palavra não fosse tão repetida e distorcida como o é nos dias de hoje. Talvez a razão esteja em que o próprio Cristo não diz «Eu Sou a Misericórdia» mas sim «Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida», pois sem isto a Misericórdia só poderá ser uma palavra falsificada que desvia a humanidade da Pessoa e da Redenção de Jesus Cristo.
Mas se o sínodo se quer ocupar do assunto então faça-o como deve ser. Para isso poderá recorrer à abundantíssima literatura, e especialistas, de confiança que serão preciosos para ajudar a remediar a bagunça que se tem vivido. Sendo que o mais recente que conheço é o seguinte: Living the Truth in Love: Pastoral Approaches to Same Sex Attraction Paperback – August 30, 2015 by Janet E. Smith (Author, Editor), Fr. Paul Check (Author, Editor).
À Honra e Glória de Cristo. Ámen.
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