sexta-feira, 4 de setembro de 2015


Astrofísica ateia converte-se:

«Eu percebi que existe uma ordem no Universo»


História turbulenta de uma astrofísica que, entre estudos rígidos e sofrimentos profundos, chegou ao reconhecimento da Ordem do Universo e do seu Criador

Reproduziu-se em sites de todo o mundo, recentemente, o testemunho de Sarah Salviander, pesquisadora do departamento de Astronomia na universidade do Texas e professora de Astrofísica na universidade de Southwestern. A incrível história da sua conversão a Cristo começa com os seus estudos científicos e culmina com a morte da filha. Vale a pena dedicar cinco minutos e ler o depoimento dela.


Sarah Salviander

«Eu nasci nos Estados Unidos e fui criada no Canadá. Os meus pais eram ateus, embora preferissem definir-se como ‘agnósticos’. Eles eram carinhosos e mantinham uma óptima conduta moral, mas a religião não teve papel nenhum na minha infância».

«O Canadá já era um país pós-cristão. Olhando em retrospectiva, é incrível que, nos primeiros 25 anos da minha vida, eu só conheci três pessoas que se identificaram como cristãs. A minha visão do cristianismo era intensamente negativa. Hoje, olhando para trás, eu percebo que foi uma absorção inconsciente dessa hostilidade geral que existe no Canadá e na Europa em relação ao cristianismo. Eu não sabia nada do cristianismo, mas achava que tornava as pessoas fracas e tolas, e filosoficamente banais».

Aos 25 anos, quando seguia a filosofia racionalista de Ayn Rand, Sarah entrou numa universidade dos EUA: «Entrei no curso de Física da Eastern Oregon University e percebi logo a secura e a esterilidade do objectivismo racionalista, incapaz de responder às grandes questões: qual é o propósito da vida? De onde foi que viemos? Por que estamos aqui? O que acontece quando morremos? Eu notei também que esse racionalismo sofria de uma incoerência interna: toda a sua atenção se volta para a verdade objectiva, mas sem apresentar uma fonte para a verdade. E, embora se dissessem concentrados em desfrutar a vida, os objectivistas racionalistas não sentiam nenhuma alegria. Pelo contrário: estavam ferozmente preocupados em se manter independentes de qualquer pressão externa».

A atenção da jovem voltou-se completamente para o estudo da Física e da Matemática. «Entrei nos clubes universitários, comecei a fazer amigos, e, pela primeira vez na minha vida, conheci cristãos. Eles não eram como os racionalistas: eram alegres, felizes e inteligentes, muito inteligentes. Fiquei de boca aberta ao descobrir que os meus professores de Física, a quem eu admirava muito, eram cristãos. O exemplo pessoal deles começou a influenciar-me e eu via-me cada vez menos hostil ao cristianismo. No Verão, depois do meu segundo ano, participei num estágio de pesquisa na universidade da Califórnia, com o grupo do Centro de Astrofísica e Ciências Espaciais que estudava as evidências do Big Bang. Era incrível procurar a resposta para a pergunta sobre o nascimento do Universo. Aquilo fez-me pensar na observação de Einstein de que a coisa mais incompreensível a respeito do mundo é que o mundo é compreensível. Foi aí que eu comecei a perceber uma ordem subjacente ao universo. Sem saber, ia despertando em mim o que o Salmo 19 diz com tanta clareza: ‘Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das suas mãos’».

Depois desse insight, a razão de Sarah foi abrindo-se gradualmente ao Mistério: «Comecei a perceber que o conceito de Deus e da religião não eram tão filosoficamente banais como eu pensava que fossem. Durante o meu último ano, conheci um estudante finlandês de ciências da computação. Um homem de força, honra e profunda integridade, que, assim como eu, tinha crescido como ateu num país laico, mas que acabou abraçando Jesus Cristo como o seu Salvador pessoal, aos 20 anos de idade, graças a uma experiência particular muito intensa. Nós apaixonamos-nos e casamos. De alguma forma, mesmo não sendo religiosa, eu achava reconfortante casar-me com um cristão. Terminei a minha formação em Física e Matemática naquele mesmo ano e, pouco tempo depois, comecei a dar aulas de astrofísica na universidade do Texas em Austin».

A penúltima etapa do trajecto de Sarah foi a descoberta, também casual, de um livro de Gerald Schroeder: «The Science of God» [«A Ciência de Deus»]. «Fiquei intrigada com o título e alguma coisa me levou a lê-lo, talvez o anseio por uma conexão mais profunda com Deus. Tudo o que sei é que aquilo que eu li mudou a minha vida para sempre. O Dr. Schroeder é físico do MIT e teólogo. Eu notei então que, incrivelmente, por trás da linguagem metafórica, a Bíblia e a ciência estão completamente de acordo. Também li os Evangelhos e achei a pessoa de Jesus Cristo extremamente convincente; senti-me como quando Einstein disse que ficou ‘fascinado com a figura luminosa do Nazareno’. Mesmo com tudo isto, apesar de reconhecer a verdade e de estar intelectualmente segura quanto a ela, eu ainda não estava completamente convencida».

O encontro decisivo com o cristianismo aconteceu há apenas dois anos, depois de um acontecimento dramático: «fui diagnosticada com cancro. Não muito tempo depois, o meu marido teve meningite e encefalite; curou-se, felizmente, mas levou algum tempo. A nossa filha Ellinor tinha cerca de seis meses quando descobrimos que ela sofria de trissomia 18, uma anomalia cromossômica fatal. Ellinor morreu pouco depois. Foi a perda mais devastadora da nossa vida. Eu caí nas mãos do desespero até que tive, lucidamente, uma visão da nossa filha nos braços amorosos do Pai celestial: foi só então que eu encontrei a paz. Depois de todas essas provações, o meu marido e eu não só ficamos ainda mais unidos, como também mais próximos de Deus. A minha fé já era real. Eu não sei como teria passado por essas provações se tivesse continuado ateia. Quando temos 20 anos, boa saúde e a família por perto, sentimo-nos imortais. Mas chega um momento em que a sensação de imortalidade se evapora e vemo-nos forçados a enfrentar a inevitabilidade da própria morte e da morte das pessoas mais queridas».

«Eu amo a minha carreira de astrofísica. Não consigo pensar em nada melhor do que estudar o funcionamento do Universo e dou-me conta, agora, de que a atracção que eu sempre senti pelo espaço não era nada mais do que um intenso desejo de me conectar com Deus. Eu nunca me vou esquecer de um estudante que, pouco tempo depois da minha conversão, me perguntou se era possível ser cientista e acreditar em Deus. Eu disse que sim, claro que sim. Vi que ele ficou visivelmente aliviado. Ele contou-me que um outro professor tinha respondido que não. Eu interroguei-me quantos jovens não estariam diante de questões semelhantes e decidi, naquela hora, que iria ajudar os que estivessem lutando com essas dúvidas. Eu sei que vai ser um trajecto difícil, mas o significado do sacrifício de Jesus não deixa dúvidas quanto ao que eu tenho que fazer».

Fonte: http://pt.aleteia.org/




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