Pe. Rodrigo Lynce de Faria
«Mãe, acabas de ferir os meus sentimentos!» ― frase
pronunciada por um rapaz de 10 anos quando a mãe lhe pediu o favor de apagar o
televisor e ir para a cama. Também uma psicóloga, recentemente, dava um
conselho aos jovens num artigo de um jornal: «Se notas que sentes algo
especial, não tenhas medo, liberta-te de tabus, corre para os seus braços e
entrega-te totalmente. Só assim a tua vida será sincera e sem hipocrisias».
Reparem no pormenor: «sentir algo especial» é
suficiente para justificar qualquer comportamento. E a sinceridade já não tem
nenhuma relação com a verdade. Ser sincero, segundo a psicóloga, é sentir algo
especial e não reprimir esse sentimento.
Ideia importante: os
sentimentos são uma poderosa realidade humana, tanto para o bem, como para o
mal. Não têm peso ― mas pesam muito na decisão de actuar de todos nós. Por
isso, precisam de ser «educados». Isto é especialmente importante para os
jovens, que vivem imersos numa cultura que exalta os sentimentos como o grande
critério de verdade e autenticidade.
Os sentimentos em si são bons porque fazem parte da
condição humana. Garantem a ligação entre a vida sensível e a vida do espírito,
uma vez que somos compostos de corpo e alma. No entanto, não podem ser nunca o
critério último da decisão de actuar. Porque não sentimos somente ― também
pensamos! E actuar só porque se sente não é actuar de um modo plenamente
humano.
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