terça-feira, 26 de agosto de 2014


António Pires Veloso,

herói do 25 de Novembro


Heduíno Gomes

Cada vez que surge uma efeméride ou acontecimento relacionado com o fim do prec, em 25 de Novembro de 1975, lá se vem falar dos pseudo-heróis do acontecimento, omitindo ou diminuindo os verdadeiros heróis.

As pessoas informadas sabem perfeitamente que, além de muitos militares envolvidos nas operações, e também muitos civis, os três pilares da vitória sobre o bloco soviético no 25 de Novembro foram Pires Veloso, comandante da Região Militar do Norte, Lemos Ferreira, chefe da Força Aérea, e Jaime Neves, comandante do Regimento de Comandos.
António Pires Veloso,
comandante da Região Militar do Norte
Porém, os interesses obscuros – logo tornados claros a 26 de Novembro – do grupo de Melo Antunes haveriam de manifestar-se e reescrever a história. O grupo, para prosseguir os seus interesses mesquinhos de poder pessoal e outros, precisava de uma cara anónima, saída do mistério da resistência palaciana – não militar. E assim temos Eanes.

Verificou-se que a acção deste grupo chefiado por Melo Antunes foi, no prec, de resistência calculada segundo os seus próprios interesses pessoais e de grupo, como havia sido já no golpe militar do 25 de Abril.

Primeiro, a 25 de Abril, foram incendiários. Puseram Portugal em chamas. Por inveja corporativa, manipulando camaradas de armas politicamente ingénuos.

Depois, no prec e 25 de Novembro, foram bombeiros. Eles próprios tinham as barbas a arder na fogueira que haviam ateado e precisavam de salvar a pele.
José Lemos Ferreira,
chefe da Força Aérea
Finalmente, a 26 de Novembro, já estavam de novo em incendiários. Antecipando-se na televisão, opuseram-se a um verdadeiro processo de normalização política e colocaram os resistentes perante o facto consumado da continuação do abrilismo, embora mais moderado. Opuseram-se ao rescaldo do incêndio e estabeleceram uma ponte com o bloco soviético para prosseguirem os seus jogos palacianos de poder e outros.

Três situações políticas diferentes, três estratégias pessoais, sempre os mesmos objectivos pessoais.

Tudo por eles. O que fizeram por Portugal no 25 de Novembro foi circunstancial e pura coincidência. Nada genuinamente por Portugal.
Jaime Neves,
comandante do Reg. de Comandos.
Por isso nada há a agradecer-lhes. Devemos estar gratos, sim, a Pires Veloso, Lemos Ferreira e Jaime Neves, e a tantos anónimos, que o fizeram desinteressadamente e por patriotismo.





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