Nuno Serras Pereira
Respostas eminentemente pastorais e prontas
Nós, sacerdotes, somos assaltados com miríades de
perguntas surpreendentes sobre assuntos que cuidávamos serem consabidos de
todos. Eu tenho gasto muito tempo quer por conversas quer por escrito em
procurar responder longamente explicando com minúcia o que Nosso Senhor ensina
através da Sua Igreja. Mas descobri agora que tenho andado enganado e que há um
método expedito e altamente esclarecedor – responder a uma pergunta com outra
que deixa o conteúdo da interrogação em aberto e remata para o olhar afectuoso
de Jesus.
Daqui em diante quando me perguntarem se a Igreja
aprova:
a) o adultério deverei responder: Deus, quando olha
para uma pessoa adúltera, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a,
condenando-a?
b) o salário injusto deverei retorquir: Deus, quando
olha para uma pessoa injusta, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a,
condenando-a?
c) os sacerdotes predadores sexuais que das crianças
deverei replicar: Deus, quando olha para a pessoa do sacerdote que comete esses
abusos, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?
d) a matança de judeus por parte de nazis deverei
retrucar: Deus, quando olha para uma pessoa nazi, aprova a sua existência com
afecto ou rejeita-a, condenando-a?
e) o abortamento de milhões de pessoas nascituras por
parte dos controladores demográfico e patrões e empregados da indústria do
aborto deverei volver: Deus, quando olha para essas pessoas matadoras, aprova a
sua existência com afecto ou rejeita-as, condenando-as?
f) a imensidade de idosos eutanasiados socialmente ou «medicamente»
deverei ripostar: Deus, quando olha para essas pessoas eutanazis, aprova a sua
existência com afecto ou rejeita-as, condenando-as?
g) o terrorismo que dizima multidões de inocentes
deverei tornar: Deus, quando olha para essas pessoas terroristas, aprova a sua
existência com afecto ou rejeita-as, condenando-as?
Ora aí está uma pastoral esclarecida e fecunda.
Sem comentários:
Enviar um comentário