O sacerdote jesuíta Guy Consolmagno, astrónomo e porta-voz do Observatório Vaticano, assinalou que, apesar de não ter directa relação com a teologia ou a revelação, a descoberta científica chamada por alguns como «a partícula de Deus» é um avanço importante.
Em entrevista com o grupo ACI, o Pe. Consolmagno afirmou que a descoberta científica é «maravilhosa».
O sacerdote jesuíta esclareceu que a descoberta, apesar da sua designação, «não tem nada a ver com teologia ou com Deus», em sentido directo algum.
«O nome ‘partícula de Deus’ foi dado pelo Leon Lederman como uma brincadeira», recordou o astrónomo do Vaticano. «Basicamente é um título provocante para um livro que ele estava a escrever sobre física das partículas».
O Pe. Consolmagno assinalou que Lederman «disse que se houvesse uma partícula que poderia existir, e que possa explicar todas as pequenas coisas que queríamos explicar, isso seria um presente de Deus. É uma metáfora e não tem nada que ver com a teologia».
Em 4 de Julho, a Organização Europeia para Investigação Nuclear (CERN), publicou os resultados das suas experiências subatómicas realizados no seu laboratório de Genebra, que sugerem que encontraram a evasiva partícula do «bosão de Higgs», que poderia explicar a massa física dos objectos no universo.
O Pe. Consolmagno disse que a aparente descoberta do bosão do Higgs é um «deleite» particularmente devido ao progresso gradual da maior parte da investigação científica, e devido aos recursos investidos em pôr em marcha o acelerador de partículas suíço: a construção do Large Hadron Collider (LHC), o acelerador de partículas CERN, custou cerca de 10 mil milhões de dólares.
«É bom ver um passo tão grande que todos podem celebrar», assinalou o astrónomo vaticano, que felicitou os investigadores, que «finalmente conseguiram algum resultado após anos, tempo e esforço que empregaram na tarefa».
Apesar das autoridades da CERN não afirmarem definitivamente que a partícula foi encontrada, o director geral do grupo, professor Rolf Heuer, disse que os investigadores «observaram uma nova partícula consistente com o bosão de Higgs».
Na conferência de imprensa na qual foi anunciada a descoberta , Heuer afirmou que «como um leigo, acredito que nós a encontrámos».
O bosão do Higgs, apelidado «a partícula de Deus» pelo físico Leon Lederman, foi postulado pelo físico britânico Peter Higgs durante a década de 1960 como um componente necessário no «modelo padrão» do universo.
O modelo padrão compreende quatro forças distintas: o electromagnetismo, a «força nuclear forte», a «força nuclear fraca» e a gravidade. Enquanto os cientistas têm feito progressos no entendimento das primeiras três, acredita-se que a compreensão da força de gravidade dependerá do ainda não observado bosão de Higgs.
Acredita-se que os diversos tipos de partículas subatómicas, tais como quarks, leptões, e os assim chamados «portadores de força» constituam o mundo observável, de acordo ao modelo padrão. Enquanto estas partículas representam muitos fenómenos observáveis, acredita-se que o bosão de Higgs é necessário para dar-lhes a sua massa.
Enquanto os resultados recentes do CERN apontam para a descoberta deste componente perdido do modelo padrão, o Pe. Consolmagno indicou que há «um indício de que algo está a acontecer» nos resultados, «o que é sempre emocionante».
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