terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Papa alerta sobre abuso do poder
das finanças e dos meios de comunicação


VATICANO, 16 Fev. 12.- O Papa Bento XVI alertou sobre o abuso do poder das finanças e dos meios de comunicação, que quando mal usados oprimem o homem e impedem que seja verdadeiramente livre.

Na sua visita de ontem ao Pontifício Seminário Romano Mor de Roma para reunir-se com os seminaristas e rezar uma lectio divina (oração com uma meditação bíblica) em preparação à festa de Nossa Senhora da Confiança, que se celebra no dia 18 de Fevereiro, o Papa explicou o significado da palavra «mundo».

«Por um lado o mundo criado Por Deus, amado por Deus, até o ponto de dar-se a si mesmo e a seu Filho por este mundo», e por outro o mundo «que está no mal, que está no poder do mal, que reflecte o pecado original».

Hoje em dia, disse o Santo Padre, «vemos este poder do mal por exemplo, em dois grandes poderes que por si mesmos úteis e bons, porque podem ser úteis e bons, mas que são abusivos com facilidade: o poder das finanças e o poder dos meios de comunicação».

O Papa indicou que apesar de serem «ambos necessários, porque podem ser úteis, também podem ser tão abusivos que frequentemente se convertem no oposto de suas verdadeiras intenções».

«Vemos como o mundo das finanças pode dominar ao homem, que o ter e o parecer dominam o mundo e o escravizam. O mundo das finanças não representa mais um instrumento para favorecer o bem-estar, para favorecer a vida do homem, mas se converte  num poder que o oprime, que deve ser quase adorado: «a riqueza» a verdadeira divindade falsa que domina o mundo».

Bento XVI disse que «contra este conformismo da submissão a este poder, devemos ser inconformistas: não contra o ter, mas contra o ser! Não nos submetamos a isto, usemo-lo como meio, mas com a liberdade dos filho de Deus».

Em referência ao poder da vida pública, assinalou que certamente se necessita informação e conhecimento sobre a realidade do mundo, mas sem cair na aparência, porque às vezes «o que se diz se converte em mais importante que a realidade»

«A aparência sobrepõe-se  à realidade, torna-se mais importante, e o homem já não segue  a verdade de seu ser, mas quer sobre tudo aparentar, ser conforme a esta realidade».

«Também contra isto está o inconformismo cristão: não queremos sempre 'ser conformes', adorados, não queremos a aparência, e sim a verdade, e isto nos dá a verdadeira liberdade cristã», explicou.

O Santo Padre recordou que o «inconformismo do cristão, restitui-nos na verdade». É preciso «libertar-se desta necessidade de deleitar, de falar como as massas acham que deveria ser, e ter a liberdade da verdade, e assim recriar o mundo de modo que não oprimido pela opinião, pela aparência que não deixa mais emergir a mesma realidade», exortou.

É preciso lutar contra o «mundo virtual», que cada vez «faz-se mais verdadeiro, mais forte e não se vê mais o mundo real da criação de Deus», lamentou.

«Oremos –alentou– ao Senhor para que nos ajude a ser homens livres neste inconformismo que não está contra o mundo, mas que é o verdadeiro amor do mundo».

Finalmente, o Santo Padre ressaltou que actualmente os meios não falam realmente do que significa a Igreja, falando de assuntos que nada ou pouco têm a ver com ela: «oremos ao Senhor para que possamos fazer que se fale não de muitas coisas, mas sim da fé da Igreja Romana».

«Aprendam um novo modo de pensar, que é o modo que não obedece ao poder nem ao haver, à aparência etc., mas sim obedecer à verdade de nossos seres que habita profundamente em nós e nos é dada no Baptismo», concluiu.

O Santo Padre esteve acompanhado por 190 seminaristas; 16 jovens que frequentam o ano propedêutico, as religiosas Filhas de São José de Dom Luigi Caburlotto; as Religiosas da Família do Corde Iesu, que se ocupam da enfermaria; entre outros.

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