VATICANO, 16 Fev. 12.- O Papa Bento XVI alertou sobre o abuso do poder das
finanças e dos meios de comunicação, que quando mal usados oprimem o homem e
impedem que seja verdadeiramente livre.
Na sua visita de
ontem ao Pontifício Seminário Romano Mor de Roma para reunir-se com os
seminaristas e rezar uma lectio divina (oração com uma meditação bíblica) em
preparação à festa de Nossa Senhora da Confiança, que se celebra no dia 18 de Fevereiro, o Papa explicou o significado da palavra «mundo».
«Por um lado o mundo criado Por Deus, amado por Deus, até o ponto de dar-se a si mesmo e a
seu Filho por este mundo», e por outro o mundo «que está no mal, que
está no poder do mal, que reflecte o pecado original».
Hoje em dia, disse o
Santo Padre, «vemos este poder do mal por exemplo, em dois grandes poderes
que por si mesmos úteis e bons, porque podem ser úteis e bons, mas que são
abusivos com facilidade: o poder das finanças e o poder dos meios de comunicação».
O Papa indicou que
apesar de serem «ambos necessários, porque podem ser úteis, também podem
ser tão abusivos que frequentemente se convertem no oposto de suas verdadeiras
intenções».
«Vemos como o
mundo das finanças pode dominar ao homem, que o ter e o parecer dominam o mundo e
o escravizam. O mundo das finanças não representa mais um instrumento para
favorecer o bem-estar, para favorecer a vida do homem, mas se converte num
poder que o oprime, que deve ser quase adorado: «a riqueza» a verdadeira divindade
falsa que domina o mundo».
Bento XVI disse que «contra este conformismo da submissão a este poder, devemos ser
inconformistas: não contra o ter, mas contra o ser! Não nos submetamos a isto,
usemo-lo como meio, mas com a liberdade dos filho de Deus».
Em referência ao
poder da vida pública, assinalou que certamente se necessita informação e
conhecimento sobre a realidade do mundo, mas sem cair na aparência, porque às
vezes «o que se diz se converte em mais importante que a realidade»
«A aparência sobrepõe-se à realidade, torna-se mais importante, e o homem já não segue a
verdade de seu ser, mas quer sobre tudo aparentar, ser conforme a esta
realidade».
«Também contra
isto está o inconformismo cristão: não queremos sempre 'ser conformes',
adorados, não queremos a aparência, e sim a verdade, e isto nos dá a verdadeira
liberdade cristã», explicou.
O Santo Padre
recordou que o «inconformismo do cristão, restitui-nos na verdade». É
preciso «libertar-se desta necessidade de deleitar, de falar como as massas
acham que deveria ser, e ter a liberdade da verdade, e assim recriar o mundo de
modo que não oprimido pela opinião, pela aparência que não deixa mais emergir a
mesma realidade», exortou.
É preciso lutar
contra o «mundo virtual», que cada vez «faz-se mais verdadeiro,
mais forte e não se vê mais o mundo real da criação de Deus», lamentou.
«Oremos
–alentou– ao Senhor para que nos ajude a ser homens livres neste inconformismo
que não está contra o mundo, mas que é o verdadeiro amor do mundo».
Finalmente, o Santo
Padre ressaltou que actualmente os meios não falam realmente do que significa a
Igreja, falando de assuntos que nada ou pouco têm a ver com ela: «oremos
ao Senhor para que possamos fazer que se fale não de muitas coisas, mas sim da
fé da Igreja Romana».
«Aprendam um
novo modo de pensar, que é o modo que não obedece ao poder nem ao haver, à
aparência etc., mas sim obedecer à verdade de nossos seres que habita
profundamente em nós e nos é dada no Baptismo», concluiu.
O Santo Padre esteve
acompanhado por 190 seminaristas; 16 jovens que frequentam o ano propedêutico,
as religiosas Filhas de São José de Dom Luigi Caburlotto; as Religiosas da
Família do Corde Iesu, que se ocupam da enfermaria; entre outros.
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