terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Governo deve ouvir o Cardeal:
Mãe há só uma


Manuel Tavares, Director do JN









O novo cardeal português foi ao fundo da questão europeia: a relação da mãe com a família e o trabalho. Para alguns será muito fácil colocar as etiquetas de conservador ou mesmo de reaccionário a D. Manuel Monteiro de Castro por, na entrevista que concedeu ao JN, ter dito sem papas na língua o seguinte:

«O trabalho da mulher a tempo completo creio que não é útil ao País. Trabalhar em casa, sim, mas que tenham de trabalhar pela manhã até à noite creio que para um país é negativo. A melhor formadora é a mãe, e se a mãe não tem tempo para respirar, como vai ter tempo para formar?».

E, no entanto, vejamos...

Ainda não há no mundo sítio com melhores condições de vida que o nosso velho continente: o modelo social europeu permanece imbatível. Mas está claramente ameaçado. E se um optimista como eu pode sempre acreditar que haveremos de superar a ameaça resultante da crise financeira, outra tanta dose de fé não chegará para eliminar a ameaça demográfica.

Ou seja: mesmo que a Europa resolva os seus problemas de competição no quadro do comércio mundial e o faça salvaguardando os salários pela redistribuição da riqueza, vai ser preciso que, para além das religiões, das ideologias e das práticas sociais, o cidadão renuncie ao conforto da responsabilidade mínima. A sua própria por natureza e a da eventual alma gémea com quem decida partilhar a aventura da vida comunitária.

Com a taxa de natalidade em queda vertiginosa em Portugal e na Europa não podemos esperar que o nosso modelo social sobreviva. Perceber que esta é a questão essencial, muito mais importante que as circunstâncias da crise, é o passo indispensável para termos uma atitude diferente em relação ao núcleo da nossa organização social: a família.

Salvar este nosso modelo de vida, com todas as heterodoxias que ele permite, significará sempre revalorizar a natalidade. E a primeira consequência desta revalorização será a de dar condições para que os pais que assim o pretendam possam ter mais filhos.

Este ponto é tão mais sério e tão mais decisivo para as gerações que as sérias dívidas soberanas, e seria imperdoável que falhássemos. Porque só depende de nós e do que possamos pensar para além do puro prazer de ter um único filho. Ou nenhum.

Acontece que do plano da cidadania para o da prática social, por mais cardeais que nos alertem, terão de ser os políticos a garantir-nos a sobrevivência do nosso modelo social europeu.

No que me toca, atrevo-me a dar-lhes um conselho: antes de pensarem em novas leis laborais, perguntem às mães que não podem fugir a despejar os filhos de seis meses em infantários.

1 comentário:

Meditação do dia disse...

A Família é a base estrutural da Sociedade.
Os Valores que orientam a Família são o resultado da Sociedade.
O Sistema que governa o Planeta destruiu a Família para aniquilar a Pessoa, a sua Dignidade, Soberania, Autonomia, Cidadania (Global).
A Família depende da presença feminino da MÃE – a Estrela… que nos orienta… que nos afaga… a nossa tranquilidade, e da presença tranquila do Pai que protege, que assegura a sobrevivência.
Atingimos a confusão total.
Seguir-se-á a reorganização da família, a Valorização da Pessoa, a ALTERNATIVA A ESTE SISTEMA CRIMINOSO - Comunidades Alternativas, serão a solução.
Não preciso deste Estado e deste Governo – SISTEMA CRIMINOSO.
O UNIVERSO DEPENDE DE CADA UM DE NÓS COMO O OCEANO DEPENDE DE CADA GOTA DE ÁGUA.