As declarações de D. José Policarpo à revista da Ordem dos Advogados, embora ambíguas mas preconizando, no fim de contas, a prazo, a ordenação de mulheres, em clara oposição ao Magistério da Igreja, têm provocado em Portugal e no estrangeiro várias reacções de repúdio.
Registamos aqui uma carta que nos foi remetida, dirigida a D. José Policarpo a pedir-lhe explicações sobre essas declarações e posteriores «esclarecimentos» sobre elas.
Nápoles, 3 de Julho de 2011
Excelentíssimo e Eminentíssimo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa
D. José da Cruz Policarpo,
Laudate Iesu Christe.
Sobre a informação que o Patriarcado de Lisboa mandou comunicar à ACI (publicada a 02 Jul. 11 / 04:31 pm), informo Vossa Eminência que:
1. O signatário enviou ao Patriarcado (através do respectivo site, a 29 Junho 2011) o texto que abaixo segue (depois do traço ponteado) e que nele fez referência, como V. E. pode aquilatar, à notícia da agência Ecclesia com o seguinte título e sub-título: «Cardeal-patriarca: Ordenação das mulheres só quando «Deus quiser - Teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental, diz D. José Policarpo»
2. É um facto que ontem, dia 2, esta notícia já não se encontrava disponível no referido site. Contudo, isso não se torna um problema pois existe uma cópia do mesmo, e a versão original da Revista.
3. Informo ainda V. E. que em 2007, no mesmo site agência Ecclesia (17-11-2007), e que está ainda disponível, foi divulgada uma notícia com o seguinte título e teor: «Ordenação de mulheres não será tão cedo»: “Os tempos ainda não estão amadurecidos para se pensar nisso, se o Papa assim decidisse, haveria conflitos, rupturas e solavancos na sociedade”, disse D. José da Cruz Policarpo ao ser questionado sobre a possibilidade da ordenação de mulheres na Igreja Católica. O Cardeal-Patriarca de Lisboa foi um dos conferencistas convidados para um colóquio promovido pelo Instituto Jurídico da Comunicação da Faculdade de Direito de Coimbra e à margem da sua intervenção exortou a se “rezar muito ao Espírito Santo” para que esse assunto seja esclarecido no seio de toda a Igreja.
4. Existem ainda outros registos sobre esta matéria.
5. O signatário não seleccionou deliberadamente nenhuma passagem da entrevista que tem registo no Boletim da Ordem dos Advogados, mensal nº 78, Maio 2011, «A justiça demorada pode provocar colapso», p. 39-40. E isso pode V.E. verificar no texto anexo que foi enviado ao Patriarcado (ler depois do traço ponteado).
Considerando:
1. Que no ACI digital com registo: «REDAÇÃO CENTRAL, 02 Jul. 11 / 04:31 pm (ACI)» com o título: «Cardeal Policarpo "não foi preciso ao falar do sacerdócio"», faz saber que V. E. : «não está a favor das ordenações femininas porém "não foi preciso ao falar do sacerdócio em uma recente entrevista" assinalou à agência ACI Prensa uma fonte do Episcopado português»;
2. Que como V.E. mandou fazer saber: «não está a favor das ordenações femininas»;
3. Que como V.E. mandou fazer saber: «não foi preciso ao falar do sacerdócio»;
4. Que como V.E. afirmou: «Teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental»;
5. Que como V.E. afirmou: «O Santo Padre João Paulo II, a certa altura, pareceu dirimir a questão. Penso que a questão não se dirime assim»;
6. Que o comunicado do Patriarcado à ACI, limita-se a reproduzir a entrevista registada no “Boletim da Ordem dos Advogados, mensal nº 78”, e por esse facto, NÃO TORNA AS DECLARAÇÕES de V.E. mais precisas.
7. Reiterando que as declarações de V. E. se transformaram em escândalo além fronteiras;
Solicito encarecido e obstinadamente, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que apresente publicamente,
1. A redacção do texto sobre o qual, a precisão em falta no presente texto difundido, seja esclarecedora da posição de V. E. sobre o porquê de «não estar a favor das ordenações femininas»;
2. Atendendo a que «Os ministros dos sacramentos são ordinariamente os sacerdotes, que para isso receberam o poder de ordenação. (…) O Concílio de Trento definiu: “Se alguém disser que todos os cristão têm o poder de ensinar e administrar todos os sacramentos, seja excomungado» (s. 7, can 10, Denz. 853).
Queira V. E. clarificar o que entende, quando afirma que: «Teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental». Se conceptualmente existe “obstáculo teológico”, é V.E. que o afirma, a definição dogmática registada supra, constitui-se como tal, isto é, como obstáculo teológico?
3. A Santa Madre Igreja sempre ensinou que a verdadeira igualdade entre os homens (entenda-se também entre homens e mulheres) consiste na: (I) igualdade de ORIGEM (descendemos dum mesmo Criador); (II) de NATUREZA (com alma igualmente espiritual, imortal, criada à imagem e semelhança de Deus e redimida por Nosso Senhor Jesus Cristo) e (II) de DESTINO: todos nos encontramos igualmente sujeitos à morte, temos o mesmo Inferno a recear e o mesmo Céu a merecer.
Pelo que se torna fundamental esclarecer, clarificar, isto é, dar precisão à seguinte afirmação de V. E.:
«Penso que não há nenhum obstáculo fundamental. É uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja».
Creio que no que diz respeito à precisão a dar à redacção da entrevista dada por V.E., a simples resposta às questões supra, serão fundamentais para colocar a posição de Vossa Eminência, Cardeal Patriarca de Lisboa, definitiva e inequivocamente, esclarecida em Portugal e no estrangeiro.
Em defesa de Cristo Rei,
Sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech
Pontifex in aeternum perfecte
Hostia Dei et hominum
“trádidi quod et accépi”
Respeitosamente,
Rui Manuel das Neves Azevedo Machado
Católico, fiel leigo
Tenente-Coronel
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