quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Igreja não deve fazer concessões
na questão do aborto
e “casamento” de mesmo sexo

Chuck Colson

27 de Julho de 1945. Londres está ainda aos poucos se recuperando de seis anos de guerra com a Alemanha. Centenas de milhares de soldados britânicos estão mortos. As cidades britânicas estão em ruínas. À medida que o noticiário dos cinemas vai expondo os recentes horrores dos campos de morte nazis, o povo britânico fica pensando: “Será que não haverá limite para as atrocidades alemãs?”

Por isso, não foi de surpreender que muitos britânicos tivessem reagido com espanto ao ficarem a saber que haveria um culto na Igreja da Santa Trindade de Londres: um culto em memória, não dos mortos de guerra da Inglaterra, mas de um alemão morto. O culto seria transmitido pela BBC. Muitos ficaram a pensar: será que existiria um bom alemão, digno de tal honra?

A resposta foi um enfático sim. O culto foi em memória do Pastor Dietrich Bonhoeffer, executado pelos nazis três semanas antes do final da guerra. Bonhoeffer é muitas vezes lembrado por sua resistência a Hitler, aliás, por participar da conspiração para matá-lo. Mas Bonhoeffer é também celebrado por seu papel num acontecimento importante na vida da Igreja — a elaboração da Declaração de Barmen.

Depois de Hitler subir ao poder, os nazis tentaram cooptar as igrejas alemãs, misturando a verdade cristã com a doutrina nazi. Alguns líderes cristãos deixaram-se atrair para esse acordo com o diabo. Outros, como Karl Barth e Bonhoeffer, recusaram.

Como o meu amigo do passado Eric Metaxas escreve no seu recente livro inspirador Bonhoeffer, em Maio de 1934, “os líderes da Liga de Emergência dos Pastores realizaram um sínodo em Barmen. Foi ali, à beira do rio Wupper, que eles escreveram a famosa Declaração de Barmen, que originou o que veio a ser conhecido como a Igreja Confessante”.

A Declaração declarava ousadamente independência tanto do Estado como da Igreja cooptada. A Declaração deixava claro que os signatários e suas igrejas não se estavam a separar da igreja alemã; pelo contrário, era a igreja alemã cooptada que havia rompido com todos.

Para Bonhoeffer, escreve Metaxas, a Declaração de Barmen “repetiu o esclarecimento do que a legítima e real Igreja alemã de facto cria e defendia”. A Declaração rejeitava a “falsa doutrina” de que a Igreja podia mudar de acordo com as “posições ideológicas e políticas predominantes”.

Essa rejeição é uma parte essencial do que significa ser a Igreja. César, em todos os seus disfarces, exortar-nos-á a fazer concessões e adaptar a nossa mensagem para atender à agenda dele. A nossa situação não é tão horrenda como a de Bonhoeffer, mas o governo hoje está a tentar forçar a igreja a prostrar-se aos ventos políticos do momento — como, por exemplo, o tão chamado “casamento” de mesmo sexo e as questões de vida como aborto e decisões de fim de vida.


Como Bonhoeffer e seus colegas, temos de lembrar constantemente onde repousa a nossa lealdade máxima. Temos também de estar dispostos a praticar a grande virtude da coragem cívica*.

Nós, a igreja, temos de declarar onde nos situamos. É por isso que, motivados pelo exemplo de Barmen, nós escrevemos a Declaração de Manhattan — e é por isso que um milhão de crentes a assinou. Mas fazer uma declaração é uma coisa. Viver à altura do que declaramos, como Bonhoeffer fez, é outra.

E isso exigirá coragem nos anos que estão vindo. Muita coragem.

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