O historiador António de Jesus Ramos considera que “por parte de alguns intervenientes da I República houve mesmo atitude de ódio à Igreja”, “ódio este que vinha sendo gerado e, até, colocado por escrito em muitos autores do republicanismo do final do século XIX”.
“Com a implantação da República, a relação entre a Igreja e o Estado acabou por ser fortalecida. Digamos que a República acabou por ser um bem para a Igreja quando pretendeu acabar com ela ou, então, pretendia molestá-la gravemente”, prossegue.
Jesus Ramos considera que é possível “falar de anti-clericalismo e, como uma alínea deste anti-clericalismo, o «anti-jesuitismo»”.
António de Jesus Ramos, da Diocese de Coimbra, estudou na faculdade de história eclesiástica da Universidade Gregoriana, onde obteve o grau de licenciatura em Junho de 1979. Elaborou uma tese de doutoramento sobre o bispo de Coimbra D. Manuel Correia de Bastos Pina (1830-1913), que defendeu, na mesma Universidade Gregoriana, em Junho de 1993. É sócio efectivo do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica.
O historiador considera que “o episcopado português do século XIX foi bastante deficiente a todos os níveis. Os bispos do pós-liberalismo (pós-1834) eram homens com grande fidelidade ao regime. A maioria deles não tinha um grande zelo pastoral”.
D. Manuel Bastos de Pina, que estudou de perto, é apresentado como “alguém que defende a monarquia com «unhas e dentes»”.
“Estruturalmente, D. Manuel Bastos Pina era um monárquico, mas, em simultâneo, um dos grandes seguidores e defensores da política papal em Portugal. Chego a pensar que o bispo de Coimbra tinha gozo em ser imitador de Leão XIII”, adianta Jesus Ramos.
(Texto da Ecclesia)
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