domingo, 7 de fevereiro de 2010

Jornal israelita:
Acusações contra Pio XII não têm fundamento

L'Osservatore Romano deu recentemente a conhecer um artigo publicado no jornal israelita Haaretz, no qual se explica que as acusações contra o venerável Papa Pio XII são totalmente infundadas, que, diferentemente do que dizem seus caluniadores, este Pontífice fez muito para defender os judeus, salvando mais de 800 mil deles de morrer no holocausto, e que além disso, os nazis o conheciam bem e o temiam.


O artigo, que aparece logo depois da defesa que também fizera de Pio XII e do Papa Bento XVI o intelectual francês Bernard-Henri Lévy a seguir à assinatura do decreto que proclama as virtudes heróicas do Papa Pacelli, questiona a falta de provas daqueles que acusam este grande Pontífice e explica como uma de suas primeiras medidas que ordenou em 1933 ao Núncio na Alemanha, quando ainda era Secretário de Estado, foi «ver que coisas podiam ser feitas para rebater as políticas anti-semitas do nazismo».

Seguidamente recorda a encíclica Mit brennender Sorge, redigida pelo ainda Cardeal Pacelli em representação de Pio XI, que condenava a «doutrina nazi». Este documento «foi introduzido ilegalmente na Alemanha e lido nos púlpitos das igrejas em 21 de março de 1937».

Cinco dias depois, um funcionário do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha, Hans Dieckhoff, escreveu que «a encíclica contém ataques muito duros ao governo alemão e exorta os católicos a rebelarem-se frente à autoridade do Estado».

«Logo depois da morte de Pio XI, em 2 de Março de 1939 foi eleito Papa o Cardeal Pacelli. Os nazis estavam descontentes pelo novo Pontífice, que tomou o nome de Pio XII. Em 4 de Março, Joseph Goebbels, Ministro alemão de propaganda, escreveu no seu diário: 'almoço com o Führer. Está a considerar a ideia de anular a concordata com Roma depois da eleição de Pacelli ao pontificado'».

O artigo do Haaretz explica logo que «durante a guerra, o Papa não ficou em silêncio: em numerosos discursos e encíclicas defendeu os direitos humanos para todos e chamou as nações beligerantes a respeitar os direitos de todos os civis e prisioneiros de guerra».

«Contrariamente ao que acreditam muitos de seus caluniadores, os nazis compreenderam Pio XII muito bem. Logo depois de ter examinado atentamente a mensagem de Pio XII para o Natal de 1942, o gabinete central do Reich para a segurança concluiu: 'Como nunca antes acontecera, o Papa repudiou a nova ordem nacional-socialista europeia. Acusa virtualmente o povo alemão de injustiça para com os judeus e faz-se porta-voz dos criminosos de guerra judeus'».

O texto aconselha a consultar «qualquer livro que critique a Pio XII e não se encontrará nem rastos deste importante relato».

Depois de assinalar que Pio XII «esteve em estreito contato com a resistência alemã» e contribuiu para a ajuda que os americanos deram aos soviéticos invadidos pelos nazis, o artigo do jornal Haaretz indica que «no curso da guerra, o pessoal encarregado pelo Papa ordenou aos representantes diplomáticos vaticanos em muitas zonas ocupadas pelos nazis e nos países do Eixo para intervir em nome do povo judeu em perigo».

«Até à morte de Pio XII, em 1958, muitas organizações, jornais e líderes judeus elogiaram os seus esforços. Para citar um de tantos exemplos, Alexander Shafran, rabino principal de Bucarest, na sua carta de 7 de Abril de 1944 ao Núncio Apostólico na Roménia, escreve: 'Não é fácil para nós encontrar as palavras justas para expressar o afecto e o consolo recebidos graças ao interesse do Sumo Pontífice, que doou uma quantia enorme para aliviar os sofrimentos dos deportados judeus. Os judeus da Roménia jamais esquecerão estes factos de importância histórica'».

O artigo do jornal israelita Haaretz finaliza assinalando que «a campanha contra o Papa Pio XII está destinada ao fracasso porque os seus caluniadores não têm nenhuma prova para sustentar as suas acusações principais, como ter ficado em silêncio, que era favorável ao nazismo e que fez pouco ou nada para ajudar os judeus».

«Talvez – conclui – só num mundo ao contrário do nosso, o único homem que, no período bélico, fez mais que qualquer outro líder para ajudar aos judeus e outras vítimas do nazismo, receberia a condenação mais dura».



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