sábado, 16 de setembro de 2017
Bem e Mal: conceitos ultrapassados?
Leo Daniele, IPCO, 14 de Setembro de 2017
«Não vamos levantar muros entre o Bem e o Mal. São termos anacrónicos, fósseis primitivos, superados; nada se exclui inteiramente, pois tudo é relativo» — dizem os relativistas. Será mesmo?
O sim é mais simpático, pelo menos à primeira vista. Numa pesquisa, constatei que está registado 462 vezes na Bíblia, em 435 versículos, enquanto o não tem 8 409 registos, em 6 772 versículos. Portanto, vitória esmagadora do não!
Surpreendente? Porque isso é assim? É porque Deus realmente nos ama, e uma das suas palavras de amor mais frequentes é o não.
O não muitas vezes é luminoso. E o sim por vezes é tenebroso. A clareza pede frequentemente o não, por paradoxal que pareça.
Eis algumas palavras da Sagrada Escritura que exprimem ódio e exaltam, ainda que sem citá-lo, o não: «Odiai os iníquos» (Salmo 118, v.13); «Mentirosos, bestas perversas» (Epístola de São Paulo a Tito, cap. 1, vers. 12); «Sois filhos do demónio» (Evangelho de São João, cap.8, vers. 44 ). São Paulo chega a recomendar: «Repreende-os com dureza» (Epístola de São Paulo a Tito, cap.1, vers.13) etc.
Veja-se o que ensina a propósito o Papa São Pio X [abaixo, foto a cores] na sua Carta Apostólica Notre Charge Apostolique, de 25-8-1910:
«O mesmo acontece com a noção de fraternidade, cuja base colocam no amor dos interesses comuns, ou, além de todas as filosofias e de todas as religiões, na simples noção de humanidade, englobando assim no mesmo amor e numa igual tolerância todos os homens com todas as suas misérias, tanto as intelectuais e morais como as físicas e temporais. Ora, a doutrina católica ensina-nos que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por sinceras que sejam, nem na indiferença teórica e prática pelo erro ou pelo vício em que vemos mergulhados os nossos irmãos, mas no zelo pela sua restauração intelectual e moral, não menos que por seu bem-estar material.
»Um mundo sem o sim e o não apresenta — concluo com palavras de Plinio Corrêa de Oliveira — «um horizonte em que o céu aparece baixo e plúmbeo, nenhuma aragem de fé, nem sequer de idealismo, sopra no ar estagnado. E do pantanal da terra apenas se elevam o odor e os miasmas de uma pobre humanidade entregue inteiramente ao cepticismo, à dúvida e à satisfação irrestrita das suas próprias paixões».
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