Ideias positivas, 3 de
Maio de 2017
Carta enviada a duas catequistas
Queridas L. e K.,
Como vos tinha dito que
havia de vos enviar um mail a dar conhecimento de um problema de um dos
catequizandos do vosso grupo, eis o que deveis saber sobre o L. Para que melhor
possais lidar com a situação e ao mesmo tempo fazer essa importante catequese para
os demais catequizandos, devo informar-vos que ele, em seus treze anos, foi
aconselhado, nas consultas de psicologia, a assumir-se sem problemas como
homossexual, porque, segundo a psicóloga, deve seguir o que o seu coração
sente…
Vós sabeis como eu que
nada permanece sólido se não for criada primeiramente uma base segura. E nesta
questão da homossexualidade,
— Quando parece já não
haver telenovelas – e tantas outras séries e programas que concorrem para o
mesmo – em que não seja inteligentemente apresentada a questão como sendo algo
normal,
— Quando os próprios
profissionais de saúde a procuram justificar de uma ou de outra forma,
— Quando dentro
da própria Igreja se vêem posições de tolerância, por se confundir o que deve
ser a visão a ter do pecador e a posição em relação ao pecado, maior tem que
ser o cuidado a ter na preparação de uma catequese destas, aliás, como deve ser
em todas as catequeses. Preparai, pois, com todo o cuidado, esta questão
doutrinal, para que a catequese possa ser o eco da Palavra de Deus na
inteligência e no coração dos vossos catequizandos.
Queridas irmãs em Cristo, quando digo para
fazerdes eco da Palavra de Deus, sabeis bem o que isso implica, que é o
esvaziardes-vos de vós mesmas, ou seja, das vossas ideias, para que, pela oração,
a Palavra entre primeiramente no vosso coração e dele saia clara e de forma
cativante para a inteligência de quem a recebe. Só assim é que ela pode chegar
ao coração daquele que a ouve e aí se transformar em Dabar, que é como dizer,
ser geradora da acção que o Senhor espera de cada um de nós.
Uma alma enamorada por
Deus procura, também nos acontecimentos, perscrutar o Coração Amorosíssimo do
Pai, condição sine qua non para se poder falar das coisas d’Ele garantindo
maior fidelidade à Sua Divina Vontade. Pode à primeira vista parecer-nos algo
muito difícil, isso de perscrutar o coração de Deus, dada a limitação imposta
por toda a azáfama do nosso quotidiano, pensando que só numa vida monástica
poderíamos ter as condições favoráveis. Sendo porém desejo de Nosso Senhor que
não desviemos o olhar e o coração dessa dimensão contemplativa ao mesmo tempo
que vivemos a condição secular, é não só possível mas um dever nosso o
procurarmos viver uma cada vez maior intimidade com Deus Pai. E a prova de que
não é tão difícil assim chegar a essa intimidade com Deus vivendo uma vida
normal, temo-la no exemplo de tantos santos que enchem as páginas dos livros
que nos falam das suas biografias. Se nos debruçarmos sobre o que foi a vida de
muitos deles vemos que o que os levou à santidade não foram feitos de grande
heroicidade, mas uma vida onde nunca faltou a oração, o amor à Eucaristia e o
despojamento de si próprios, condição esta sem a qual ninguém consegue ter
espaço para acolher a pedagogia de Deus. E sem ela, fazemos a nossa, cujo
resultado é aquilo que se vê.
Num tempo e numa
sociedade onde tudo constitui apelo à promoção pessoal em ordem à afirmação, a
rejeição dessa virtude evangélica do negar-se a si próprio criou um problema
que tem vindo a agudizar-se nas últimas décadas, na medida em que esse tal
espaço, que deveríamos manter arejado a ponto de nele se respirarem só os mais
celestes odores e tê-lo reservado apenas à Palavra de Deus, tem vindo a ser
preenchido pelo enriquecimento de espírito – é sobre isto que Jesus fala:
bem-aventurados os pobres em espírito – e por ideias trazidas para o interior
da Igreja por novas correntes de pensamento, correntes essas condenadas em
vários documentos pontifícios, desde S. Pio X a Bento XVI, passando por S. João
Paulo II.
Queridas amigas, para
estas idades dos 13-14 anos, pese embora a dificuldade já visível em muitos
deles, urge sermos misericordiosos na verdade. E a verdade está em Deus, não há
outra. Por mais teses teológicas que possamos ouvir, para termos a garantia de que
seguimos a Vontade de Deus basta que façamos o exercício de, espiritualmente,
nos colocarmos no meio das pessoas a quem Jesus falou – atitude interior
possível pela leitura/oração dos relatos feitos pelos Apóstolos. E aí o que é
que ouvimos de Jesus acerca da interpretação da Lei? Uma coisa muito simples:
que ela foi dada ao Homem para lhe servir de espelho onde se reflectem ao mesmo
tempo a justiça e a misericórdia de Deus. Sobre a misericórdia disse-nos que a
salvação é para todo o pecador que se arrepende e deixa o pecado; já sobre a
justiça Jesus nunca foi de meias palavras. Ela recairá sem piedade até mesmo
sobre aqueles que parecem estar mais próximos d’Ele mas não o estão de coração.
É tão duro que, aos que agora designamos de “politicamente correctos”, por Ele
classificados como mornos por não serem nem quentes nem frios, diz que os
vomita (Cf. Ap 3, 15-16). E se dúvidas se levantam quanto à actualidade da
antiga Lei, o Verbo de Deus feito carne também é muito claro quando diz que não
veio para a abolir, porque, sendo ela perfeita – porque o legislador é Deus – é
para vigorar por todos os séculos, dizendo mesmo que é mais fácil que o céu e a
terra passem do que cair um só assento da Lei (Cf. Mt 5,17-18).
Como Deus criou o homem
e a mulher à Sua imagem e semelhança, divinizando-os, portanto, Satanás e o seu
séquito nunca pouparam esforços para ludibriarem os planos de Deus, fazendo
troça da Sua obra. Suscitaram então nos homens o desejo por outros homens, e
nas mulheres o desejo por outras mulheres. E como é que o Diabo consegue fazer
com que as pessoas se tornem perversas, nesse e em muitos outros sentidos?
Explorando sem descanso a fraqueza ou fraquezas que encontra em cada um, sendo
mais bem-sucedido quanto mais afastada a pessoa se mantém da prática dos
sacramentos, principalmente da Eucaristia e da Penitência (confissão). E quando
ele encontra na vida da pessoa um espaço que não esteja trancado com a oração e
a prática dos sacramentos, apodera-se desse espaço e, a partir daí, montando
nele o seu posto de comando procura estender o seu domínio sobre as restantes
áreas da vida da pessoa. Ora, sendo o Homem um ser espiritual, com necessidade
de equilíbrio a esse nível, ao não praticar a espiritualidade Cristã que emana
do tesouro confiado à Santa Igreja Católica, cria a oportunidade para que o
Maligno semeie no seu coração as sementes do seu reino, nascendo daí o desejo
de encontrar algo que o preencha.
Este é um fenómeno que
atravessa toda a história da humanidade, quando o homem deixa de se colocar diante
do Criador com um coração de criança. E sem o influxo da graça em sua alma
volta-se para os ídolos e para o ocultismo. Mas os que não seguem esses
caminhos não deixam de estar sobre o mesmo domínio, pois, àqueles que não são
tão dados às coisas da espiritualidade, é-lhes sugerido o hedonismo e outras
irresistíveis tentações. Por isso, à semelhança dos tempos bíblicos, hoje como
outrora, o homem deixa de sentir necessidade de Deus. É então que os demónios
fazem festa, pela maior ascendência que exercem sobre todos os que deixaram
ofuscar sua inteligência.
Falando exactamente
sobre este problema, sobre os que voltaram costas a Deus e procuraram seus
ídolos e que por isso viriam a cair nas malhas de Asmodeu – o demónio da
impureza –, diz São Paulo aos Romanos: «Foi por isso que Deus os entregou a
paixões degradantes. Assim, as suas mulheres trocaram as relações naturais por
outras que são contra a natureza. E o mesmo acontece com os homens: deixando as
relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros,
praticando, homens com homens, o que é vergonhoso, e recebendo em si mesmos a
paga devida ao seu desregramento. Esses, muito embora conheçam o veredicto de
Deus - de que são dignos de morte os que tais coisas praticam - não só as fazem,
como até aprovam os que as praticam» (Rm 1, 26-27.32).
Amadas filhas do
Altíssimo, como dizia anteriormente, sede misericordiosas na verdade, isto é,
ter caridade para com os que vivem no erro ajudando-os a libertarem-se dele,
sabendo porém que para isso não se pode nunca fugir à verdade; não à nossa, mas
à de Jesus Cristo, à do Senhor do Céu, da Terra e de todo o Universo.
Questionar a Sagrada Escritura é pecado gravíssimo, ainda mais depois de o
Próprio Senhor Jesus dizer que nada na Lei pode ser mudado, e quando essa Lei
diz claramente: «Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometeram ambos
um acto abominável; serão os dois punidos com a morte» (Lv 20, 13).
Para além deste, que foi
o motivo desta carta, há porém vários outros «fogos» a apagar, ateados que
foram pelos demónios precisamente nos jardins da humanidade, que são as
crianças e os adolescentes. Um desses grandes fogos ao qual não está a ser dada
a devida importância é o da sensualidade, a grande porta para o reino de
Asmodeu. Bem Nossa Senhora dizia aos Pastorinhos que iriam chegar umas modas
que muito ofendem Nosso Senhor. E o que é o pecado senão a ofensa a Deus? Mas
hoje, para maior sofrimento de Nossa Mãe Bendita e da Trindade Santíssima,
tanto nas famílias como na própria Igreja fecham-se os olhos ao sofrimento de
Nosso Senhor, permitindo que as flores do jardim de Deus – crianças e
adolescentes – sejam expostas desde muito cedo à cobiça de olhares
não-sãos. E depois queixam-se das violações…
Um outro desses graves «fogos»,
que a mim me entristece tão profundamente – como não ficará Nosso Senhor… –, é
o ver que todas as crianças e todos os adolescentes, quando na hora de
catequese durante a semana estão na Santa Missa com os seus catequistas, se
colocam na fila para receberem o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A esse propósito diz-nos Ele que, todo aquele que se abeira da Comunhão sem
estar em estado de graça é réu do Corpo e Sangue de Jesus e está a receber a
sua própria condenação (Cf. 1Cor, 27-29). Mesmo que outro impedimento não
tivessem, a forma de vestir da maioria já é motivo bastante para nem na igreja
poderem entrar, quanto mais para receberem Nosso Senhor. Não há quem tenha
piedade destas almas? Não há pais, não há catequistas, não há padres?
Amadas irmãs em Cristo,
que desta já longa carta vos fique o encorajamento a serdes os sapadores de
Deus na área que Ele vos confiou, combatendo com valentia a parte que vos cabe
nos fogos que o Inferno ateou por todo o lado. Sede corajosas, e lembrai-vos
das promessas de Nossa Senhora: «Por fim o meu Imaculado Coração triunfará»,
sabendo que para isso Ela conta convosco relativamente às almas que tendes ao
vosso cuidado. Gritai bem alto no coração dessas crianças as palavras do
Senhor: «Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono (Ap 3, 21a).
Convosco louva o
Altíssimo,
(Assinado)
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