quarta-feira, 28 de junho de 2017

Como o problema da homossexualidade é tratado em certas paróquias

Ideias positivas, 3 de Maio de 2017

Carta enviada a duas catequistas

Queridas L. e K.,

Como vos tinha dito que havia de vos enviar um mail a dar conhecimento de um problema de um dos catequizandos do vosso grupo, eis o que deveis saber sobre o L. Para que melhor possais lidar com a situação e ao mesmo tempo fazer essa importante catequese para os demais catequizandos, devo informar-vos que ele, em seus treze anos, foi aconselhado, nas consultas de psicologia, a assumir-se sem problemas como homossexual, porque, segundo a psicóloga, deve seguir o que o seu coração sente…

Vós sabeis como eu que nada permanece sólido se não for criada primeiramente uma base segura. E nesta questão da homossexualidade,

— Quando parece já não haver telenovelas – e tantas outras séries e programas que concorrem para o mesmo – em que não seja inteligentemente apresentada a questão como sendo algo normal,

— Quando os próprios profissionais de saúde a procuram justificar de uma ou de outra forma,

— Quando dentro da própria Igreja se vêem posições de tolerância, por se confundir o que deve ser a visão a ter do pecador e a posição em relação ao pecado, maior tem que ser o cuidado a ter na preparação de uma catequese destas, aliás, como deve ser em todas as catequeses. Preparai, pois, com todo o cuidado, esta questão doutrinal, para que a catequese possa ser o eco da Palavra de Deus na inteligência e no coração dos vossos catequizandos.

Queridas irmãs em Cristo, quando digo para fazerdes eco da Palavra de Deus, sabeis bem o que isso implica, que é o esvaziardes-vos de vós mesmas, ou seja, das vossas ideias, para que, pela oração, a Palavra entre primeiramente no vosso coração e dele saia clara e de forma cativante para a inteligência de quem a recebe. Só assim é que ela pode chegar ao coração daquele que a ouve e aí se transformar em Dabar, que é como dizer, ser geradora da acção que o Senhor espera de cada um de nós.

Uma alma enamorada por Deus procura, também nos acontecimentos, perscrutar o Coração Amorosíssimo do Pai, condição sine qua non para se poder falar das coisas d’Ele garantindo maior fidelidade à Sua Divina Vontade. Pode à primeira vista parecer-nos algo muito difícil, isso de perscrutar o coração de Deus, dada a limitação imposta por toda a azáfama do nosso quotidiano, pensando que só numa vida monástica poderíamos ter as condições favoráveis. Sendo porém desejo de Nosso Senhor que não desviemos o olhar e o coração dessa dimensão contemplativa ao mesmo tempo que vivemos a condição secular, é não só possível mas um dever nosso o procurarmos viver uma cada vez maior intimidade com Deus Pai. E a prova de que não é tão difícil assim chegar a essa intimidade com Deus vivendo uma vida normal, temo-la no exemplo de tantos santos que enchem as páginas dos livros que nos falam das suas biografias. Se nos debruçarmos sobre o que foi a vida de muitos deles vemos que o que os levou à santidade não foram feitos de grande heroicidade, mas uma vida onde nunca faltou a oração, o amor à Eucaristia e o despojamento de si próprios, condição esta sem a qual ninguém consegue ter espaço para acolher a pedagogia de Deus. E sem ela, fazemos a nossa, cujo resultado é aquilo que se vê.

Num tempo e numa sociedade onde tudo constitui apelo à promoção pessoal em ordem à afirmação, a rejeição dessa virtude evangélica do negar-se a si próprio criou um problema que tem vindo a agudizar-se nas últimas décadas, na medida em que esse tal espaço, que deveríamos manter arejado a ponto de nele se respirarem só os mais celestes odores e tê-lo reservado apenas à Palavra de Deus, tem vindo a ser preenchido pelo enriquecimento de espírito – é sobre isto que Jesus fala: bem-aventurados os pobres em espírito – e por ideias trazidas para o interior da Igreja por novas correntes de pensamento, correntes essas condenadas em vários documentos pontifícios, desde S. Pio X a Bento XVI, passando por S. João Paulo II.

Queridas amigas, para estas idades dos 13-14 anos, pese embora a dificuldade já visível em muitos deles, urge sermos misericordiosos na verdade. E a verdade está em Deus, não há outra. Por mais teses teológicas que possamos ouvir, para termos a garantia de que seguimos a Vontade de Deus basta que façamos o exercício de, espiritualmente, nos colocarmos no meio das pessoas a quem Jesus falou – atitude interior possível pela leitura/oração dos relatos feitos pelos Apóstolos. E aí o que é que ouvimos de Jesus acerca da interpretação da Lei? Uma coisa muito simples: que ela foi dada ao Homem para lhe servir de espelho onde se reflectem ao mesmo tempo a justiça e a misericórdia de Deus. Sobre a misericórdia disse-nos que a salvação é para todo o pecador que se arrepende e deixa o pecado; já sobre a justiça Jesus nunca foi de meias palavras. Ela recairá sem piedade até mesmo sobre aqueles que parecem estar mais próximos d’Ele mas não o estão de coração. É tão duro que, aos que agora designamos de “politicamente correctos”, por Ele classificados como mornos por não serem nem quentes nem frios, diz que os vomita (Cf. Ap 3, 15-16). E se dúvidas se levantam quanto à actualidade da antiga Lei, o Verbo de Deus feito carne também é muito claro quando diz que não veio para a abolir, porque, sendo ela perfeita – porque o legislador é Deus – é para vigorar por todos os séculos, dizendo mesmo que é mais fácil que o céu e a terra passem do que cair um só assento da Lei (Cf. Mt 5,17-18).

Como Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança, divinizando-os, portanto, Satanás e o seu séquito nunca pouparam esforços para ludibriarem os planos de Deus, fazendo troça da Sua obra. Suscitaram então nos homens o desejo por outros homens, e nas mulheres o desejo por outras mulheres. E como é que o Diabo consegue fazer com que as pessoas se tornem perversas, nesse e em muitos outros sentidos? Explorando sem descanso a fraqueza ou fraquezas que encontra em cada um, sendo mais bem-sucedido quanto mais afastada a pessoa se mantém da prática dos sacramentos, principalmente da Eucaristia e da Penitência (confissão). E quando ele encontra na vida da pessoa um espaço que não esteja trancado com a oração e a prática dos sacramentos, apodera-se desse espaço e, a partir daí, montando nele o seu posto de comando procura estender o seu domínio sobre as restantes áreas da vida da pessoa. Ora, sendo o Homem um ser espiritual, com necessidade de equilíbrio a esse nível, ao não praticar a espiritualidade Cristã que emana do tesouro confiado à Santa Igreja Católica, cria a oportunidade para que o Maligno semeie no seu coração as sementes do seu reino, nascendo daí o desejo de encontrar algo que o preencha.

Este é um fenómeno que atravessa toda a história da humanidade, quando o homem deixa de se colocar diante do Criador com um coração de criança. E sem o influxo da graça em sua alma volta-se para os ídolos e para o ocultismo. Mas os que não seguem esses caminhos não deixam de estar sobre o mesmo domínio, pois, àqueles que não são tão dados às coisas da espiritualidade, é-lhes sugerido o hedonismo e outras irresistíveis tentações. Por isso, à semelhança dos tempos bíblicos, hoje como outrora, o homem deixa de sentir necessidade de Deus. É então que os demónios fazem festa, pela maior ascendência que exercem sobre todos os que deixaram ofuscar sua inteligência.

Falando exactamente sobre este problema, sobre os que voltaram costas a Deus e procuraram seus ídolos e que por isso viriam a cair nas malhas de Asmodeu – o demónio da impureza –, diz São Paulo aos Romanos: «Foi por isso que Deus os entregou a paixões degradantes. Assim, as suas mulheres trocaram as relações naturais por outras que são contra a natureza. E o mesmo acontece com os homens: deixando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros, praticando, homens com homens, o que é vergonhoso, e recebendo em si mesmos a paga devida ao seu desregramento. Esses, muito embora conheçam o veredicto de Deus - de que são dignos de morte os que tais coisas praticam - não só as fazem, como até aprovam os que as praticam» (Rm 1, 26-27.32).

Amadas filhas do Altíssimo, como dizia anteriormente, sede misericordiosas na verdade, isto é, ter caridade para com os que vivem no erro ajudando-os a libertarem-se dele, sabendo porém que para isso não se pode nunca fugir à verdade; não à nossa, mas à de Jesus Cristo, à do Senhor do Céu, da Terra e de todo o Universo. Questionar a Sagrada Escritura é pecado gravíssimo, ainda mais depois de o Próprio Senhor Jesus dizer que nada na Lei pode ser mudado, e quando essa Lei diz claramente: «Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometeram ambos um acto abominável; serão os dois punidos com a morte» (Lv 20, 13).

Para além deste, que foi o motivo desta carta, há porém vários outros «fogos» a apagar, ateados que foram pelos demónios precisamente nos jardins da humanidade, que são as crianças e os adolescentes. Um desses grandes fogos ao qual não está a ser dada a devida importância é o da sensualidade, a grande porta para o reino de Asmodeu. Bem Nossa Senhora dizia aos Pastorinhos que iriam chegar umas modas que muito ofendem Nosso Senhor. E o que é o pecado senão a ofensa a Deus? Mas hoje, para maior sofrimento de Nossa Mãe Bendita e da Trindade Santíssima, tanto nas famílias como na própria Igreja fecham-se os olhos ao sofrimento de Nosso Senhor, permitindo que as flores do jardim de Deus – crianças e adolescentes – sejam  expostas desde muito cedo à cobiça de olhares não-sãos. E depois queixam-se das violações…

Um outro desses graves «fogos», que a mim me entristece tão profundamente – como não ficará Nosso Senhor… –, é o ver que todas as crianças e todos os adolescentes, quando na hora de catequese durante a semana estão na Santa Missa com os seus catequistas, se colocam na fila para receberem o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo. A esse propósito diz-nos Ele que, todo aquele que se abeira da Comunhão sem estar em estado de graça é réu do Corpo e Sangue de Jesus e está a receber a sua própria condenação (Cf. 1Cor, 27-29). Mesmo que outro impedimento não tivessem, a forma de vestir da maioria já é motivo bastante para nem na igreja poderem entrar, quanto mais para receberem Nosso Senhor. Não há quem tenha piedade destas almas? Não há pais, não há catequistas, não há padres?

Amadas irmãs em Cristo, que desta já longa carta vos fique o encorajamento a serdes os sapadores de Deus na área que Ele vos confiou, combatendo com valentia a parte que vos cabe nos fogos que o Inferno ateou por todo o lado. Sede corajosas, e lembrai-vos das promessas de Nossa Senhora: «Por fim o meu Imaculado Coração triunfará», sabendo que para isso Ela conta convosco relativamente às almas que tendes ao vosso cuidado. Gritai bem alto no coração dessas crianças as palavras do Senhor: «Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono (Ap 3, 21a).

Convosco louva o Altíssimo,

       (Assinado)





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