sábado, 2 de janeiro de 2016


Sete erros fatais do relativismo moral


Roger Morris




A consciência-percepção de moralidade
leva a Deus
tanto quanto a consciência-percepção
de queda de maçãs
leva à gravidade. (Roger Morris)



Roger Morris, do site Faithinterface, baseado no livro Relativism – Feet Firmly Planted in Mid-Air, de Francis Beckwith e Gregory Koukl, elaborou a lista que segue, com sete erros fatais do relativismo moral.

Francis Beckwith é professor e filósofo, especialista em política, direito, religião e ética aplicada. Gregory Koukl é apologista cristão, fundador da Stand To Reason, organização dedicada à defesa da concepção cristã do mundo.


O relativismo moral é um tipo de subjectivismo que sustenta que as verdades morais são preferências muito parecidas com os nossos gostos em relação aos gelados, por exemplo. O relativismo moral ensina que quando se trata de moral, do que é eticamente certo ou errado, as pessoas poderiam e deveriam fazer o quer que sintam ser o certo para elas. Verdades éticas dependeriam de indivíduos, grupos e culturas que as sustentam. Porque acreditam que a verdade ética é subjectiva, as palavras como devem ou deveriam não fariam sentido porque a moral de todo mundo é igual; ninguém poderia ter a pretensão de uma moral objectiva pertinente para os outros. O relativismo não exige um determinado padrão de comportamento para todas as pessoas em situações morais semelhantes. Quando confrontadas com exactamente a mesma situação ética, uma pessoa poderia escolher uma resposta, enquanto outra pode escolher o oposto. Não haveria regras universais de conduta que se apliquem a todos.

O relativismo moral, num sentido prático, é completamente inviável. Que tipo de mundo seria o nosso se o relativismo fosse verdade? Seria um mundo em que nada estaria errado — nada seria considerado mau ou bom, nada digno de louvor ou de acusação. A justiça e a equidade seriam conceitos sem sentido, não haveria responsabilização, não haveria possibilidade de melhoria moral, nem discurso moral. Um mundo em que não haveria tolerância. Este é o tipo de mundo que o relativismo moral produz. Vejamos os sete erros fatais do relativismo.

1. Os relativistas morais não podem acusar de má conduta a outras pessoas.

O relativismo torna impossível criticar o comportamento dos outros, porque, em última análise,nega a existência de algo como «má conduta». Se alguém acredita que a moralidade é uma questão de definição pessoal, então abdica da possibilidade de fazer juízos morais  objectivos sobre as acções dos outros, não importa quão ofensivas elas sejam para o seu senso intuitivo de certo ou errado. Isto significa que um relativista não pode racionalmente opor-se ao assassinato, ao estupro, ao abuso infantil, ao racismo, ao sexismo ou à destruição ambiental, caso essas acções estiverem em conformidade com o entendimento pessoal sobre o que está certo e é bom por parte de quem as pratica . Se o certo e o errado fossem uma questão de escolha pessoal, nós abdicaríamos do privilégio de fazer julgamentos morais sobre as acções dos outros. Ora, estando nós seguros de que algumas coisas são erradas e de que alguns julgamentos sobre a conduta de outros são justificados, é porque o relativismo é falso.

2. Os relativistas não podem queixar-se do mal.

A realidade do mal no mundo é uma das primeiras objecções levantadas contra a existência de Deus. Toda esta objecção se fundamenta na observação de que existe mal verdadeiro. Mas o mal objectivo não pode existir se os valores morais são relativos ao observador. O relativismo é inconsistente com o conceito de que o mal moral verdadeiro existe, porque nega que qualquer coisa possa ser objectivamente errada. Se não existe um padrão moral, então não poderá haver desvio do padrão. Assim, os relativistas devem abandonar o conceito de verdadeiro mal e, ironicamente, também abandonar o problema do mal como um argumento contra a existência de Deus.

3. Os relativistas não podem condenar ou elogiar ninguém.

O relativismo torna os conceitos de louvor e condenação sem sentido, porque nenhum padrão externo de medição define o que deve ser aplaudido ou condenado. Sem absolutos, em última análise, nada é mau, deplorável, trágico ou digno de condenação. Nem, em última análise, qualquer coisa é boa, honrada, nobre ou digna de louvor. Os relativistas são quase sempre inconsistentes nesse ponto, porque eles procuram evitar a condenação, mas prontamente aceitam elogios. Se a moralidade é uma ficção, então os relativistas também devem remover as palavras aprovação condenação do seu vocabulário. Mas se as noções de elogio e crítica são válidas, então o relativismo é falso.


4. Os relativistas não podem fazer acusações de parcialidade ou injustiça.

De acordo com o relativismo, as noções de equidade e justiça não fariam sentido porque ambos os conceitos determinam que as pessoas devem receber igualdade de tratamento baseada em normas externas. O relativismo acaba com qualquer noção de normas vinculativas externas. Justiça implica punir aqueles que são culpados de um delito. Mas, sob o relativismo, a culpa e a condenação não existem — se nada afinal for imoral, não poderá haver acusação e, portanto, nenhuma culpa poderá ser objecto de punição. Se o relativismo fosse verdadeiro, não haveria justiça ou equidade, porque ambos os conceitos dependem de um padrão objectivo do que é certo ou errado. Se, ao contrário, as noções de justiça e equidade fazem sentido, então o relativismo está errado.

5. Os relativistas não podem melhorar a sua moralidade.

Os relativistas poderão mudar os seus conceitos pessoais de ética, mas nunca poderão tornar-se melhores pessoas. De acordo com o relativismo, a ética de uma pessoa nunca pode tornar-se mais «moral». Os conceitos éticos e morais dos relativistas podem mudar, mas nunca podem melhorar, dado que não existe um padrão objectivo pelo qual se possa medir esse melhoramento. Ora, dado que o melhoramento moral é um conceito que faz sentido, então o relativismo é falso.

6. Os relativistas não conseguem manter discussões morais significativas.

O que se poderá discutir? Se a moral é totalmente relativa e todas as opiniões são iguais, então não haverá uma maneira de pensar melhor do que outra. Não haverá uma posição moral  que possa ser considerada como adequada ou deficiente, razoável, aceitável, ou até mesmo bárbara. Dado que as discussões éticas só fizerem sentido quando a moral é objectiva, então o relativismo só poderá ser vivido com coerência se os seus defensores ficarem em silêncio. Por esta razão, é raro encontrar um relativista racional e consistente, já que a maioria deles são rápidos a impor as suas próprias regras morais, como, por exemplo, «é errado impor a sua própria moralidade aos outros». Isto coloca os relativistas numa posição insustentável: se falam sobre questões morais, estão a abandonar o seu relativismo; se não falam, deixam cair a sua humanidade. A noção de discurso moral faz intuitivamente sentido e por isso o relativismo moral é falso.

7. Os relativistas não podem promover a obrigação de tolerância.

A obrigação moral relativista de ser tolerante é auto-refutante. Ironicamente, o princípio da tolerância é considerado uma das virtudes principais do relativismo. A moral seria individual — assim dizem eles — e, portanto, deveríamos tolerar os pontos de vista dos outros e não julgar os seus comportamentos e atitudes. Ora, se não existem regras morais objectivas, não pode haver nenhuma regra que exija a tolerância como um princípio moral que se aplique igualmente a todos. De facto, se não há absolutos morais, afinal porque terá de se ser tolerante? Os relativistas violam o seu próprio princípio de tolerância quando não conseguem tolerar as opiniões daqueles que acreditam em padrões objectivos morais. Portanto, eles são tão intolerantes quanto frequentemente acusam de sê-lo os que defendem a moral objectiva. O princípio de tolerância é na realidade estranho ao relativismo. Por outro lado, se essa tolerância parece ser uma virtude, então o relativismo é falso.

O relativismo moral está falido. Não é um verdadeiro sistema moral. É auto-refutante. E hipócrita. É logicamente inconsistente e irracional. É seriamente abalado por simples exemplos práticos. Torna ininteligível a moralidade. Nem é mesmo tolerante! O princípio de tolerância só faz sentido num mundo no qual existem absolutos morais, e apenas se um desses padrões absolutos de conduta for «Todas as pessoas devem respeitar os direitos dos outros que diferem em conduta ou opinião». A ética da tolerância pode ser racional apenas se a verdade moral for objectiva e absoluta, não subjectiva e relativa. A tolerância é um princípio «interno» do absolutismo moral, e é irracional em qualquer perspectiva do relativismo ético.

Ele tinha a sua própria «verdade» e a sua própria «moral».
 Poderão os relativistas condená-lo?




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