sábado, 6 de dezembro de 2014


A fúria do Pai Natal


Nuno Serras Pereira

De S. Nicolau de Mira (cujo dia hoje celebramos), Bispo, figura que originou o Pai Natal, que infelizmente nos dias de hoje se apresenta degenerado, já escrevi há uns anos. No entanto, houve coisas que, por não virem ao intento, calei. Actualmente, quando muitos membros da Igreja se comportam obsessivamente como misses simpatias, silenciando ou deturpando a Verdade, com grande perigo da salvação das almas, suas e dos outros, parece-me apropositado narrar algo mais da sua esplenderosa vida.

... quando muitos membros da Igreja se comportam obsessivamente
como misses simpatias...
Foi o caso que estando reunido o primeiro Concílio de Niceia a certa altura o Bispo Ario subiu a uma cadeira para que se ouvisse melhor o discurso venenoso que expectorava. S. Nicolau, não suportando mais escutar as maviosas e sedutoras palavras que, com aparências de ortodoxia, negavam blasfemamente a Divindade de Jesus Cristo ergueu-se, dirigiu-se onde a Ario, puxou-lhe fortemente pela barba, de modo a apeá-lo da sua cátedra, e deu-lhe um monumental bofetão à-mão-tente. A assembleia alvorotou-se escandalizada e, à uma, decidiu depô-lo, despojá-lo das suas vestes episcopais e lançá-lo na enxovia, metendo-o em cadeias. Tal como sucederia nos dias de hoje.

Durante a noite, a Sagrada Família – Jesus, Maria e José – apareceram no calabouço a S. Nicolau, desligando-o das cadeias e revestido-o das vestes Arcebispais. Perante o estupendo milagre rendeu-se a assembleia do Concílio restituindo-lhe, arrependida, a sua dignidade. Afinal, uma vez que a Sagrada Família o tinha justificado, quem eram eles para o condenar.

Durante o resto do Concílio S. Nicolau, aos olhos dos demais dormia. Quando, de novo escandalizados, o arguiram de preguiça e negligência, confessou que estava durante esse tempo acudindo ao naufrágio de um barco (navio). S. Nicolau, como o Santo P. Pio, tinha o dom da bilocação, o qual por diversas vezes foi testemunhado por aqueles que por ele tinham sido salvos ou convertidos em virtude desses milagres. Os Padres Conciliares entenderam que esses extâses durante as assembleias eram devidos não só aos auxílios desses afundamentos mas também ao socorro e assistência da Santa Igreja, a qual é, nos Evangelhos, significada pela barca de Pedro.

O verdadeiro escândalo, e falta de Caridade e de Misericórdia, de facto, não foi, longe disso, a cólera, aliás santa neste caso, de S. Nicolau mas sim as propostas untuosas e meladas dos arianos, que, desvirtuando a Fé e a Verdade, constituiam uma traição aos Evangelhos e uma enorme crueldade, não só para com o Povo de Deus, mas para com toda a humanidade.

Santo Atanásio que participou nesse mesmo Concílo como Diácono, mais tarde será feito Bispo. No seguimento de S. Nicolau, quando a maioria dos bispos eram arianos, quando o próprio Papa Libério, nas palavras de St. Atanásio, «fraquejou», ele, com poucos mais que o seguiam, não obstante ter sido exilado, pelas eminências de então, da sua Diocese por cinco vezes e ter sido, inclusive, excomungado pelo Papa (que mais tarde levantou essa pena canónica), dado como rígido e inflexível, manteve-se firmíssimo na Fé verdadeira, salvando desse modo o Cristianismo.

Nestes tempos em que uma outra heresia campeia, com cúmplices nas eminências eclesiais desta época, recomenda-se que todos os cristãos invoquem a intercessão dos santos Nicolau e Atanásio pela Igreja, por todos os Bispos, pelo próximo Sínodo que se aproxima.





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