Óptimo! Já é qualquer coisa!
António Costa, no programa «Quadratura do Círculo», disse o que se
segue. Esqueceu-se, no entanto de nomear o Sócrates, as patetices do Guterres e
mais alguns. É pena. Também é pena que não se refira à degradação moral da
nossa sociedade (chamados «casamentos» dos invertidos, aborto, pornografia,
etc.), promovida pelo Estado, pelos Balsemões, pelo GOL (António Reis em
pessoa, quando Grão-Mestre), etc.
De qualquer modo, por ser um passo, aqui se reproduz.
(...) A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União
Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de
produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na
indústria, por ex. no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil
porque a Alemanha queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha)
queriam que abríssemos os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque
ao abrir os mercados ao têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam,
para os chineses produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de
pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram
acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das
opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos
subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E
portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de
uma política induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora
dizer? Podemos todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu
não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi
um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque
a União Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria
e ser simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque
andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta
mentira só é ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à
austeridade, apresentada como um castigo justo, face a hábitos de consumo
exagerados. Colossais fraudes. Nem os portugueses merecem castigo, nem a
austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a
classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o
orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de
«boys», criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas
municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a
corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona degradada
numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no final deu
prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com pagamento de
luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as vigarices de Isaltino
Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN
e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes
que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios
concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do
povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por
que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do
europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo,
ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação
dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias
público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos...
Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os
cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe
política que se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o
regabofe e a corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a
que nos querem condenar e ao assalto fiscal que se anuncia».
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