Há um dossier ecuménico sobre o qual Bento XVi se debruça: o dos fiéis ao Arcebispo Marcel Lefebvre, que continuam na situação de cismáticos em relação à Igreja de Roma por recusarem integralmente o Concílio Vaticano II e o magistério dos papas que se seguiram ao Concílio.
Em 2009, a decisão do Papa levantar a excomunhão aos quatro bispos ordenados ilicitamente por Lefebvre (foto) provocou mal entendidos e polémicas.
Para fazer luz sobre o sentido do seu gesto, Bento XVI escreveu uma carta aos bispos [ver em baixo].
Nessa carta, o Papa reafirma que a procura de reconciliação ainda continua porque o diferendo é de natureza doutrinal, sobre a aceitação do Concílio e o magistério pos-conciliar dos papas.
Nesta carta aos bispos, Bento XVI explica que o apelo à unidade da fé é válido para todos os cristãos. E também que não teria sentido «deixar à deriva, longe da Igreja, 491 padres, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 monges, 164 religiosas e milhares de fiéis que integram a comunidade lefebvrista».
Ao mesmo tempo, o Papa lamenta que se manifeste na Igreja uma intolerância contra os lefebvristas e mesmo contra aqueles que ousam aproximar-se deles.
O próprio Papa é um dos alvos dessa intolerância. Alguns grupos, por vezes sob formas teologicamente sofisticadas, até acusaram abertamente o Papa de «pretender fazer marcha-atrás, ao tempo antes do Concílio Vaticano II».
Dialogar com os lefebvristas é de facto correr o risco de ser acusado de trair o Concílio Vaticano II. O Papa tenta-o, apesar das incompreensões dos radicais antilefebvristas. E a verdade é que, com o diálogo, muitos grupos tradicionalistas já se reconciliaram com a Igreja.
(Elementos recolhidos num artigo de Sandro Magister, que poderá ler integralmente em
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Texto integral do discurso de Bento XVI a 22 de Dezembro de 2005, sobre a interpretação do Concílio Vaticano II – Ler em especial a partir do décimo parágrafo:
[em português]
Carta dirigida pelo Papa aos bispos a 10 de Março de 2009 depois do levantamento da excomunhão aos lefebvristas:
[em português]
3 comentários:
Não costumo fazer comentários em blogues mas não resisto a este.
Eu sou daquelas que tinha ouvido falar e também lido alguma coisa na net sobre a Fraternidade S. Pio X mas não o suficiente para formular um juízo. E ainda não formulei, apesar destas achegas negativas do sr. Hugo Pinto Abreu.
O sr. Hugo Pinto Abreu parece não ter percebido que, quer Bento XVI, quer o autor do artigo, próximo da Santa Sé, fazem um esforço de aproximação à Fraternidade S. Pio X e se colocam contra os que lhe são hostis, ou seja, os progressistas. Parece também não ter percebido que o afastamento da Santa Sé (não lhes chamo cismáticos, pronto) daqueles que se opõem aos progressistas facilita a vida a estes.
Ora, depois da situação de facto existente, esta atitude de diálogo amigável deveria ser entendida como um passo de aproximação e de correcção de erros. Mas verifico que o sr. Hugo Pinto Abreu reage com uma pedra na mão, numa atitude francamente sectária, isolacionista e definitiva.
Graças a Deus que já não há inquisição e que o sr. Hugo Pinto Abreu não preside a nenhum seu tribunal. Iríamos todos para a fogueira. Nem os santos escapariam.
Por mim, o comentário do sr. Hugo Pinto Abreu dissipou um pouco a minha inicial relativa simpatia pela oposição que a Fraternidade S. Pio X faz aos infiltrados na Igreja, que vejo de facto existirem. Mas, atenção, nada de seitas! Espero sinceramente que na Fraternidade S. Pio X não esteja generalizado este espírito de seita!
E como não tomo a árvore pela floresta, continuo interessada em perceber melhor as questões doutrinais que dividem. Irei lendo. Espero encontrar na Fraternidade S. Pio X melhores comentários, melhores explicações e, sobretudo, um espírito mais aberto do que tem o sr. Hugo Pinto Abreu.
Desta maneira, garanto-lhe, não vai a lado nenhum. Lamento porque vejo que não é dos progressistas. Mas, por favor, não estrague à sua maneira.
Maria Luísa
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